Rio – O consumo brasileiro de energia cresceu apenas 2% em outubro, influenciado pela estagnação da indústria nacional, segundo dados divulgados hoje (28) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Foi o quarto mês seguido de desaceleração na demanda, que acumula alta de 4,7% nos dez primeiros meses do ano. Em junho, mês de maior crescimento, o consumo chegou a crescer 6,4%, sempre em comparação com o mesmo período do ano anterior.
De acordo com avaliação da EPE, o resultado de 2005 "está fortemente influenciado pelo fraco desempenho da classe industrial que, representando 45% do mercado, apresenta tendência de retração desde o primeiro trimestre do ano". De fato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial nacional brasileira ficou praticamente estagnada em outubro, com crescimento de apenas 0,4% frente ao mesmo período do ano anterior. As vendas de energia para o segmento caíram 0,8% no mês.
Ao todo, o Brasil consumiu 28,184 mil gigawatts-hora (GWh) entre janeiro e outubro de 2005. Para o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, o crescimento do consumo está "em linha" com o esperado pela empresa. Ele lembrou que a demanda de energia geralmente cresce uma vez e meia o porcentual do aumento do PIB. "Considerando que fecharemos o ano a 3% de crescimento do PIB, algo em torno de 4,5% está dentro do esperado", comentou.
Ao contrário da indústria, porém, os segmentos residencial e comercial vêm recuperando perdas ocorridas no passado, principalmente em função do racionamento de energia. Segundo a EPE, o calor acima do normal e a ampliação do acesso ao crédito garantiram o bom desempenho dos dois setores. O consumo residencial, por exemplo, cresceu 4,4% em outubro, acumulando alta de 5,2% no ano, reflexo do crescimento nas vendas de eletrodomésticos e do maior uso de aparelhos de ar-condicionado. Houve ainda um acréscimo de 2,4% no número de residências ligadas à rede elétrica naquele mês.
Já a demanda comercial apresentou crescimento de 5,2% em outubro, com alta acumulada de 7,2% nos primeiros dez meses do ano. "Fatores como a recuperação verificada nos níveis de emprego e renda, a maior oferta de crédito e o significativo aumento do turismo explicam, em parte, a expansão do consumo dessa classe", diz o texto divulgado pela EPE. Segundo o IBGE, as vendas do comércio no Brasil cresceram 3,7% em outubro, com relação ao mesmo mês de 2004. Mas o instituto vem observando desaceleração no ritmo de crescimento, o que pode ter reflexo em novas estatísticas sobre as vendas de energia.
A pesquisa da EPE apontou também um crescimento no volume de energia usado por consumidores livres, que não têm relações comerciais com distribuidoras, Segundo a entidade, os contratos negociados no ambiente de contratação livre (ACL) representaram, até outubro, 20,6% do mercado total. Em 2004, o ACL negociou apenas 12% da energia vendida no País.
