Os Estados Unidos e a França chegaram neste sábado (4) a um acordo sobre um esboço de resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah como primeiro passo para um acordo político sobre o conflito, anunciou o embaixador americano na organização, John Bolton. Os 15 países do Conselho de Segurança se reuniram ontem à noite para debater o texto, cuja aprovação é esperada para os próximos dias.
Segundo uma cópia do esboço obtida pela agência Associated Press o texto "pede a suspensão completa das hostilidades, com base, em particular, na suspensão imediata, pelo Hezbollah, de todos os ataques, e na suspensão imediata, por Israel, de todas as operações militares ofensivas".
Esses termos são considerados uma vitória para Israel, que manterá assim a opção de responder caso o Hezbollah , após a aprovação da resolução, volte a lançar foguetes contra o país. Pelo texto, o grupo xiita não terá essa opção. A França e outros países tinham pedido o imediato e incondicional fim dos combates como um meio de trazer a estabilidade novamente para a região.
Ilustrando a dificuldade para conseguir que os dois lados concordem com o cessar-fogo, Mohammed Fneish, membro do Hezbollah que faz parte do gabinete libanês, disse que seu grupo está disposto a parar com os ataques, mas desde que Israel remova todos seus soldados do Líbano. A resolução não contém tal exigência. O representante do Líbano, Nouhad Mahmmud, declarou que seu governo não concorda com a resolução, pois ela não pede a retirada das tropas israelenses, que tem cerca de dez mil homens no sul do país.
O ministro de Turismo de Israel, Isaac Herzog, disse que o acordo era um "importante acontecimento", mas confirmou que Israel não cessará sua guerra contra o Hezbollah por enquanto. "Ainda temos os próximos dias para muitas missões militares, mas sabemos que o prazo está tornando-se cada vez menor", disse.
O presidente George W. Bush está satisfeito com o projeto de resolução e feliz com o progresso obtido, disse seu porta-voz, Tony Snow, acrescentando que Bush sabe que há um longo caminho a seguir antes do fim da violência.
O acordo foi divulgado enquanto o subsecretário de Estado americano David Welch, que chegou na sexta-feira à noite a Beirute, discutia com dirigentes libaneses meios de encerrar o conflito. Welch se reuniu ontem com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, um destacado muçulmano xiita. Depois, encontrou-se com o primeiro-ministro libanês, o sunita Fuad Siniora.
"Queremos encerrar e deixar para trás a terrível violência que testemunhamos nas últimas três semanas", afirmou Welch, em um comunicado, depois do encontro com Siniora. "Com o acordo político apoiado por uma força internacional para ajudar as Forças Armadas libanesas, espero que possamos trabalhar juntos para chegar a um acordo com o povo do Líbano para um futuro melhor", acrescentou.
Libaneses protestaram ontem contra a visita do enviado americano e condenaram o que qualificaram de um apoio dos Estados Unidos à ofensiva de Israel no Líbano.
