Brasília ? Com um rebanho de cerca de seis milhões de porcos, o estado de Santa Catarina enfrenta problemas para tratar os dejetos gerados nos criatórios. Por isso, outros estados que têm grandes criações de porcos, como Paraná e Rio do Sul, querem a aprovação de uma linha de crédito para investimento em obras que permitam o tratamento dos dejetos.

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Hoje (19), representantes da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) e do Núcleo Agrário da Câmara dos Deputados se reuniram com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, para tratar do assunto. A proposta em discussão foi elaborada pelos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, dentre outros, e sugere a criação de uma linha de crédito a juros zero e prazo de amortização de até dez anos para que os produtores invistam em ações de correção ambiental.

Atualmente, a proposta está no Ministério da Agricultura para ser submetida ao Conselho Monetário Nacional (CMN). Os recursos devem ser disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros de 8,75%, considerado alto pelos criadores de suínos.

Segundo o coordenador do núcleo agrário do PT na Câmara dos Deputados, deputado Assis Miguel Couto (PT-PR), durante a reunião, Roberto Rodrigues sugeriu que se busque uma negociação com os governos dos estados para uma parceira na equalização dos juros.

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De acordo com dados da Embrapa, em 2005 foram abatidos cerca de 34 milhões de porcos em todo o país. Esse número dá uma idéia da quantidade de dejetos gerados que resultam principalmente em problemas ambientais.

O presidente da ACCS, Wolmir de Souza, explica os dejetos armazenados geram gás metano, que destrói a camada de ozônio e também acabam por poluir o solo, resultando em concentração de nitrito e nitrato na água, duas substâncias são cancerígenas.

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O deputado Cláudio Vignatti (PT/PR) do núcleo agrário da Câmara, destaca que a questão é também econômica. O tratamento de dejetos está entre as exigências de países que importam carnes de suínos do Brasil. Ele cita como exemplo a Europa, que leva em conta toda a cadeia de produção. "Na hora que dissermos que temos tratamento de nitrato e nitrito, temos um ponto para abrir esse caminho tão necessário para a Europa e outros países do mundo", avaliou.

Ao sair da reunião, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, disse que o ministério trabalha para viabilizar a proposta. "Vamos trabalhar em cima dela a partir da semana que vem para escolher quais os caminhos para viabilizar a construção de unidades que dêem tratamento aos dejetos", informou.