Brasília (AE) – Parlamentares da ala radical do PT agiram com cautela diante da denúncia de pagamento de propina ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com a justificativa de que não se pode ainda fazer julgamentos. "É mais uma denúncia de sócio contrariado que precisa ser apurada. Mas precisamos tomar cuidado com esse caso porque os malditos especuladores financeiros já ganharam dinheiro hoje com tudo isso", disse o deputado Chico Alencar (PT-RJ), referindo-se à queda na bolsa de valores e à valorização do dólar.
Alencar afirmou que não pode ser irresponsável e partir para o ataque contra o ministro da Fazenda sem provas da veracidade da acusação contra Palocci feita por Rogério Buratti, ex-assessor do ministro da Fazenda. "Não podemos sair com um ‘Fora Palocci’. Até porque se Palocci cair o Lula põe outra pessoa para seguir a mesma linha da política econômica. Não tenho ilusão de que o governo mudaria a política econômica agora", declarou.
A atitude do Ministério Público, de divulgar parte do conteúdo das declarações de Buratti no meio de seu depoimento, foi criticada pelo deputado. "O que leva um promotor a sair no meio de um depoimento e contar o que ouviu? Quem fez isso errou muito. Temos de tomar muito cuidado com estrelismos", disse Alencar.
Já o deputado Ivan Valente (PT-SP) avaliou que as acusações feitas por Buratti ganham credibilidade pelo fato ele ser fundador do PT, mas disse que prefere adotar cautela. "É uma denúncia muito grave porque atinge um superministro. O ministro da Fazenda precisa, além de divulgar uma nota, dar uma entrevista esclarecedora. Mas não quero fazer juízo de valor. É esperar para ver", declarou.
Da ala moderada do PT, o senador Paulo Paim (RS) pediu mais responsabilidade à oposição em meio ao escândalo que atingiu Palocci. "É mais uma acusação entre tantas. É preciso cuidado. O ataque ao Palocci é um ataque à economia. Mas não estou dizendo que ele é intocável", disse.
Também do grupo moderado, o deputado Paulo Delgado (PT-MG) considera que há um componente de vingança nas denúncias feitas até agora por todos os personagens da crise, mas cobrou que o PT seja implacável nas punições contra os que foram corrompidos ou corromperam. "O PT tem de ser duro com os que erraram, mas temos de encarar também que há muitas evidências de vinditas. Tudo leva a crer que alguma regra de convivência foi rompida", disse Delgado, numa referência, principalmente, aos ataques disparados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Rogério Buratti. Segundo ele, a delação premiada é sempre um ponto de partida da investigação, mas é preciso lembrar que as revelações feitas por Buratti não são uma sentença final.
