A Câmara dos Deputados terá uma renovação pequena, com destaque apenas para o crescimento da bancada dos partidos de esquerda. Os grandes partidos, PFL, PSDB e PMDB, continuarão com o maior número de parlamentares, segundo estimativa feita sobre resultados preliminares das urnas. Assim como no Senado, o presidente eleito, seja Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou José Serra (PSDB), terá de suar muito mais do que Fernando Henrique Cardoso, que governou oito anos com maioria no Congresso.
O PFL, seja qual for o resultado do segundo turno, será o fiel da balança. Com o apoio de seus parlamentares, as próximas votações do Congresso poderão ser muito mais facilitadas. Nesta campanha, o partido não fechou apoio com nenhum candidato a presidente, como ocorreu com Fernando Henrique Cardoso.
Mas Serra pode levar vantagem em relação a Lula para atrair o partido numa eventual composição. “O PFL, seguramente, não vai compor com o PT em muitos temas”, afirmou Iara Pietricovsky, coordenadora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
O PMDB, por ser um partido mais heterogêneo, muitas vezes não vota em bloco. Sua bancada deve cair dos atuais 87 deputados federais para um número entre 76 e 84 parlamentares. O PFL poderá oscilar negativamente cinco vagas ou crescer uma. O PSDB, tal como no Senado, verá sua bancada diminuir, conforme projeções feitas pelo Inesc, segundo os dados da apuração.
A base parlamentar de Lula é que mais crescerá na Câmara dos Deputados. Passará dos atuais 58 parlamentares para algo em torno de 62 a 75 deputados. A candidatura de Lula deu um grande impulso nos votos dos legisladores. Um exemplo em Santa Catarina, onde o partido ficou de fora na sucessão estadual, mas foi o que mais elegeu novos deputados federais no Estado. Por isso, o PT é que apresentará mais estreantes, como o vereador José Eduardo Martins Cardoso (SP).
Oligarquias
Apesar de especialistas afirmarem que o poder das oligarquias começará a diminuir no próximo Congresso, alguns caciques da política conseguiram impor sua força nas urnas. O PFL de Antonio Carlos Magalhães elegeu o governador, dois senadores e 19 dos 39 deputados federais que representarão o Estado, mesmo assim, um a menos que a atual bancada do PFL baiano.
O ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) chegou em primeiro na disputa para a Câmara dos Deputados, com quase 340 mil votos.
A lista dos candidatos que ocuparão uma cadeira de deputado federal depende do cálculo do quociente eleitoral, que é o número mínimo de votos exigido de cada partido ou coligação para eleger um deputado, do número de vagas reservadas para o Estado e do número de votos válidos recebido por partido.
