Inacabado, o prédio do Fórum de Curitiba, localizado em um ponto estratégico do Centro Cívico, chama a atenção pelo seu total estado de abandono. Toda pichada, a construção que deveria abrigar um dos mais importantes órgãos de Justiça do Estado hoje dá abrigo a moradores de rua, vândalos e pessoas que vão até o local para consumir drogas.

Nos últimos anos, diversas soluções para o esqueleto do prédio foram formuladas. Até agora, porém, nada foi feito e o destino da obra, paralisada em 1992, continua indefinido. “O visual do prédio é horrível e retrata o descuido com o bem público”, afirma o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea-PR), Luís Antônio Rossafa.

Muitas autoridades políticas chegaram a propor a implosão da estrutura de concreto. Na opinião de Rossafa, no entanto, a demolição é inaceitável, pois representaria uma derrota para os profissionais de engenharia do Paraná. “Estudos demonstram que a recuperação do prédio é economicamente viável. A demolição representaria a incompetência dos engenheiros do Paraná em apresentar técnicas que possibilitem a recuperação da obra”, afirma.

O Crea defende a idéia de que devem ser realizados estudos para reaproveitamento da estrutura inacabada de acordo com a realidade do momento. “Sabe-se que grande parte da estrutura do prédio do Fórum está comprometida e que foi cometido um monte de erros no momento de execução das obras”, diz o presidente. “Porém, acredito que a recuperação da estrutura é possível se baseada em um estudo que aponte as necessidades atuais do Estado. Assim, o prédio poderia vir a se tornar sede de algum outro órgão e contribuiria para a valorização da praça cívica da capital.”

O Tribunal de Justiça (TJ), por sua vez, diz que não tem poder de decidir sobre o que vai ser feito com a estrutura, pois o prédio, apesar de ter sido construído para abrigar toda a estrutura do Poder Judiciário de Curitiba, não lhe pertence. Segundo a assessoria de comunicação do TJ, mesmo que a construção não estivesse com sua estrutura comprometida, o prédio hoje não seria mais suficiente para sustentar o Poder Judiciário, que cresceu muito nos últimos anos. A obra tinha como objetivo centralizar os serviços do Judiciário, facilitando o atendimento ao público. Hoje, a mentalidade é de descentralização. “Queremos estar onde a população precisa de nós, e não concentrados em um único local”, informa a assessoria de comunicação do TJ .

Ainda este mês, deve haver uma reunião entre o governador Roberto Requião e o presidente do TJ, Otto Sponholz, quando serão discutidos possíveis destinos a serem dados à estrutura. Algumas propostas sugerem que parte do prédio deva ser utilizado para abrigar algumas secretárias de Estado e mesmo algumas varas de Justiça.

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Na semana passada, o vereador Jair Cezar (PTB) encaminhou ofício sugerindo à Prefeitura de Curitiba que pedisse ao governo do Estado uma concessão para instalação de anúncios publicitários na estrutura do prédio do Fórum de Curitiba. Junto com os anúncios, seriam exibidos trabalhos de artistas plásticos paranaenses. “É uma solução provisória, que embelezaria o prédio”, diz Jair. “Os vãos da construção seriam preenchidos com anúncios e o dinheiro arrecadado com a publicidade seria destinado à Fundação de Ação Social (FAS).” Jair ainda não obteve resposta.

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