Vencida a etapa de erradicação do nepotismo no Poder Judiciário, ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a constitucionalidade da resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mediante a qual foram exonerados os parentes de juízes e desembargadores que ocupavam cargos de confiança, a atenção da sociedade volta-se para o Executivo e o Legislativo.
Compulsando dados do Ministério do Planejamento no âmbito da administração federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos estados e municípios, chega-se à conclusão da existência de mais de meio milhão de cargos de confiança.
Ou seja, pessoas dotadas do privilégio de exercer função pública sem a prestação de concurso, dispensadas da comprovação de capacidade profissional para a função e, em grande parte dos casos, até do comparecimento aos locais de serviço.
Uma prática revoltante que caracteriza abuso de poder, péssimo costume enraizado na gestão pública em todos os quadrantes, exercido hoje com um caradurismo próximo da irresponsabilidade e do absurdo mais condenável.
É imprescindível ao Congresso debruçar-se, de imediato, sobre a enorme chaga da distribuição de cargos remunerados com dinheiro público a parentes, amigos e cabos eleitorais. Vergonha a ser banida de uma vez por todas da história republicana.
Esse deverá ser, dentro em breve, e a sociedade não abrirá mão, o espetáculo mais deprimente dos últimos tempos. Uma multidão superior a 500 mil pessoas (mulheres, irmãos, primos, sobrinhos e amigos de poderosos) dispensada dos cargos de confiança pela necessidade de urgentíssima faxina.
