Uma equipe com 15 especialistas está trabalhando há um mês para elaborar um plano de conservação do sítio arqueológico da Gruta do Batismo, no município de Presidente Figueiredo, a cerca de 150 quilômetros de Manaus, no Amazonas. "Os estudos vão levantar os problemas e ordenar o uso da gruta, conciliando a conservação do sítio arqueológico e a visitação", disse a diretora da empresa Ecossistema Consultoria Ambiental, de Curitiba, bióloga Gisele Cristina Sessegolo.
Pelos registros históricos, a região tinha até a década de 70 cerca de 130 sítios arqueológicos. A construção da Usina Hidrelétrica de Balbina no Rio Uatumã, com reservatório de 2.360 quilômetros quadrados, submergiu a maioria deles. Dos que restaram, a Gruta do Batismo é um dos principais. Apesar da gruta ser pequena, com aproximadamente 150 metros de extensão, o valor histórico é muito grande, em razão das pinturas rupestres nas paredes e teto, que representam figuras geométricas livres e homens. Além disso, é fundamental para o meio ambiente por ser abrigo para o pássaro galo-da-serra, que está em extinção, e para diversas espécies de morcegos e invertebrados.
A gruta é muito procurada na alta temporada, sobretudo por turistas estrangeiros. Ela fica próxima à Vila de Balbina, montada para a construção da hidrelétrica e tem acesso fácil para quem vem de Manaus, com rodovia asfaltada. Mas a população local também gosta de visitá-la para apreciar a paisagem formada por paredões de arenitos e se refrescar em um córrego.
Para evitar um descontrole na preservação do local, a empresa estadual de turismo Amazonastur fez uma concorrência internacional para a contratação de uma empresa que fizesse o plano de manejo da gruta. A empresa curitibana venceu. Os recursos para o trabalho, que inclui ainda infra-estrutura e sinalização, são de R$ 80 mil. Eles vêm do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur). Dentro do trabalho de pesquisa a ser realizado pela equipe de especialistas está a tentativa de datar as pinturas feitas na rocha.
No primeiro relatório, que deve estar pronto nos próximos dias, há uma análise da fauna da região e a constatação de que uma parte da gruta está caindo. "Se continuar nesse processo acelerado vai danificar as pinturas", alerta a bióloga Gisele Sessegolo.
Os estudos deverão apontar as causas do desabamento, que pode estar ligado a desmatamento ou infiltração de água. A expectativa é que até fevereiro já se tenha um diagnóstico de toda a situação e um esboço do plano de manejo.