O Brasil deveria adotar políticas de restrição a alimentos não saudáveis ou ricos em açúcar, como limites a campanhas publicitárias, e adotar políticas públicas de estímulo à produção e consumo de alimentos saudáveis. A proposta é de especialistas em saúde, que, com base nos resultados da POF, defenderam uma ação contra os alimentos considerados ruins para a saúde na mesma linha do que já é feito contra o cigarro.
O diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, que participou da divulgação da segunda etapa da POF, avalia que a briga pela redução do consumo de açúcar e pela alimentação saudável vai ser maior do que a travada contra o fumo.
Guimarães informou que o Brasil ainda não assinou a adesão ao programa de alimentação saudável da Organização Mundial de Saúde (OMS) que prevê, entre outras coisas, a redução nos níveis de consumo de açúcar em determinado período. "O maior vilão individual é o açúcar", lembra ele.
No País, parte da resistência à realização desse tipo de programa, segundo o diretor, vem dos produtores de açúcar. O Brasil, lembra ele, é forte na produção e exportação do produto. O diretor argumentou que o assunto, assim como no caso do fumo, não diz respeito apenas ao Ministério da Saúde, mas a outras áreas do governo, além da própria sociedade.
O professor da USP e consultor do Ministério da Saúde Carlos Augusto Monteiro defendeu restrições à publicidade de alimentos não saudáveise o barateamento de produtos como o leite desnatado, como forma de reduzir o consumo do integral (rico em gorduras). "O consumo de refrigerantes no Brasil aumentou 300% em trinta anos. Só a informação sobre os malefícios não bastam. É preciso de existam políticas públicas para inibir o consumo. A publicidade de alimentos não saudáveistem que ser regulamentada no País. A obesidade está ligada a comportamento. É uma luta muito difícil, terá que haver uma negociação com a sociedade", disse Monteiro.
O especialista citou outros países já vêm enfrentando o problema da obesidade, como a Suécia, onde é proibida a veiculação de propaganda de comida não-saudável durante a programação infantil. O país que enfrenta o maior problema de excesso de peso da população é os Estados Unidos. De cada cem americanos, 70 estão acima do peso e, entre estes, 30 já são obesos.