Segundo o relatório preliminar da comissão que investiga a colisão entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, os controladores de vôo do centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1) ficaram 19 minutos sem tentar comunicação com o Legacy – das 16h34 às 16h53 de 29 de setembro.
O motivo desse longo intervalo de silêncio do Cindacta-1 é o ponto central que o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) não responde, segundo a análise do coronel da reserva da Aeronáutica Gustavo Franco Ferreira, especialista em investigação de acidentes aéreos.
"Em controle de tráfego, 19 minutos são uma eternidade. Não importa se eles tinham feito seis tentativas anteriores de contato", ressalta.
Ferreira disse que há uma agravante nesse intervalo: o fato de, às 16h38, segundo o Cenipa, o Cindacta-1 ter perdido o contato do radar primário com o Legacy até a sua transferência para o centro amazônico (Cindacta-4). Na prática, isso significa que o jato se tornou um ponto fantasma na tela dos controladores, sem indicação da altitude do vôo nem de sua posição geográfica.
"Foram 15 minutos sem nenhuma informação do Legacy até o último chamado do centro de controle. É um fato inaceitável", afirmou. O coronel aponta outro problema do relatório no trecho em que se refere à comunicação entre o Boeing da Gol e o Cindacta-4. "O texto diz que não houve perda de contato até a transferência para o centro de Brasília, mas em nenhum momento informa se o Boeing comunicou ao controle sua entrada na área do Cindacta-1.
Ferreira disse ainda que o documento não aborda também em que posição estava o Legacy no momento da colisão. Segundo ele, os pontos da fuselagem danificados no jato – winglet e profundor esquerdos, respectivamente a ponta da asa e uma pequena ‘asa’ na extremidade da cauda – indicam que ele não estava em posição reta e nivelada. "Para essas partes terem se avariado, calculo que o Legacy estivesse 45 graus à direita e 30 para baixo, fora do eixo (inclinado à direita).
