Em comparação a países emergentes como a Coréia, o Brasil está atrasado no que se refere à inovação tecnológica e a investimentos na área de pesquisa e desenvolvimento, elementos considerados imprescindíveis aos produtos destinados à exportação. Essa deficiência pode, inclusive, prejudicar o comércio externo brasileiro a médio e longo prazo, segundo avaliou o presidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), Ronald Martin Dauscha.
Enquanto no Brasil são investidos 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas do país) em pesquisa e desenvolvimento, nos países desenvolvidos essa relação é superior a 3% do PIB. Também nos países emergentes, esse percentual é maior do que 1,9%, o caso da Coréia, por exemplo.
Segundo Dauscha, além do investimento brasileiro ser baixo, existe uma troca de valores em termos de origem dos investimentos e de sua execução. No Brasil, 60% dos investimentos vêm do governo e só 40% das empresas, enquanto a execução de pesquisa e desenvolvimento no país ocorre predominantemente nas universidades. "Esse indicador mostra que há um desafio grande pela frente".
Por essa razão, ele considera muito importante a Lei de Inovação Tecnológica, aprovada no Brasil no ano passado e prevista para ser implementada no segundo semestre. "Ela tem uma série de artigos que regulamentam e alavancam processos de pesquisa nas universidades e as relações com as empresas", afirmou.
Segundo ele, falta às companhias brasileiras a consciência ou a cultura de promover inovação. Das 120 empresas associadas à Anpei, cerca de 70 são de pequeno e grande porte que fazem investimento em pesquisa e desenvolvimento.
Ele acrescenta que o Brasil carece de um número maior de pesquisadores em comparação a países do mesmo porte econômico. Na Índia e Coréia, por exemplo, a maioria dos pesquisadores atua nas empresas – correspondem a 64% e 74% do total dos pesquisadores, respectivamente, enquanto no Brasil esse número é de apenas 26%.