O ministro do Exterior da Espanha disse hoje que Madri quer melhorar as relações com Cuba, abaladas desde o início da Guerra do Iraque. Em visita a Havana, Miguel Angel Moratinos disse que os dois países deveriam tentar se entender melhor. "É inimaginável que a Espanha, o governo da Espanha, não possa manter e defender uma intensa, construtiva e aberta política com Cuba", disse Moratinos.

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"Hoje, nós abrimos um novo capítulo" disse Moratinos, o mais graduado funcionário do governo espanhol a visitar Cuba desde 1999. Moratinos encontrou-se ontem com seu colega cubano, Felipe Pérez Roque. Ainda não estava claro se ele terá um encontro com o presidente cubano em exercício, Raul Castro, que passou a ocupar o poder depois que uma cirurgia intestinal de emergência forçou seu irmão de 80 anos, Fidel, a se afastar da presidência no verão (boreal) passado.

O ex-primeiro-ministro espanhol, o conservador José Maria Aznar, deu um forte apoio à guerra liderada pelos Estados Unidos ao Iraque. Sua administração também teve grande influência na decisão da União Européia de impor sanções a Cuba em 2003, depois que autoridades cubanas detiveram 75 dissidentes acusados de trabalhar com os Estados Unidos para solapar o governo de Castro.

Washington rejeitou as acusações, assim como fizeram os dissidentes, que foram sentenciados a longas penas de prisão. Deste então, as autoridades cubanas libertaram 16 dos prisioneiros por razões médicas, e em janeiro de 2005 a União Européia relaxou as sanções, processo que envolveu conversações de altas esferas com funcionários cubanos.

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Ministros do Exterior de países europeus disseram então que buscariam uma estratégia de longo prazo para mudanças democráticas em Cuba. Moratinos não mencionou a política da UE em relação a Cuba, ou qualquer plano para modificá-la. Ele é integrante da administração socialista do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, que substituiu a Aznar em março de 2004 e desde então busca relações mais cordiais com Cuba. Pérez Roque não falou com os repórteres, embora um artigo publicado hoje no jornal diário do Partido Comunista, o Granma, tenha afirmado que Cuba deseja expandir suas relações com a União Européia, baseadas no respeito mútuo.