O parlamento espanhol aprovou nesta quinta-feira (7) por esmagadora maioria o envio de 1.100 soldados ao Líbano para fazer parte da força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), missão classificada pelo governo como de risco mas vital para obter paz duradoura no Oriente Médio. O primeiro contingente de soldados, cerca da metade que Madri enviará ao Líbano, partirá da Espanha amanhã em quatro navios na base naval de Rota, na província de Cádiz, com 566 soldados.
Dos 308 deputados presentes na sessão desta quinta-feira da Câmara, de um total de 350, 306 votaram a favor, nenhum contra e 2 se abstiveram. A aprovação do envio dos soldados faz da Espanha o terceiro maior país a contribuir com o aumento das forças da ONU criada 34 dias depois da guerra entre Israel e o Hezbollah, atrás da França e da Itália.
O Partido Popular, de oposição, votou a favor da medida, mas acusou o governo socialista de "hipocrisia", pelo fato de o primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, ter suspenso a participação do país na invasão do Iraque após ser eleito, em 2004. O debate durou cinco horas.
Zapatero refutou as insinuações dos conservadores de ser esta uma missão não tão diferente das outras realizadas pela Espanha no exterior, incluindo o Iraque, decisão que havia sido tomada quando o país era governado pela oposição. Logo após ser empossado em abril de 2004, Zapatero trouxe para casa 1.300 soldados espanhóis que estavam no Iraque.
Segundo o primeiro-ministro, desta vez a ação foi solicitada e aprovada pela ONU e goza de amplo apoio internacional. "Isso é exatamente o oposto ao que ocorreu na intervenção militar no Iraque", afirmou Zapatero. "Baseado nos mesmos princípios e na mesma convicção de que é o oposto da guerra no Iraque, o governo agora pede ao Congresso para enviar nossas tropas ao Líbano para garantir a paz", disse.
A guerra no Iraque é impopular na Espanha e o Partido Popular perdeu as eleições três dias depois que islâmicos realizaram os ataques terroristas em Madri que mataram 191 pessoas.