De nota em nota, as crianças e adolescentes dos faróis da capital paulista movimentam uma indústria lucrativa: cerca de R$ 2,1 milhões ao mês. Em um ano, a estimativa é de que esse mercado gire em torno de R$ 25 milhões, somando roupas, brinquedos, mantimentos e alimentação que também ganham dos motoristas, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social.

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Muitos pais são os próprios aliciadores, já que a renda média dos filhos nos semáforos é de R$ 900 ao mês fora as outras doações que levam para casa. "Muitas são vítimas de maus-tratos se não conseguem um bom dinheiro", afirma Adriana Palheta Cardoso, coordenadora de Proteção Especial à Criança da secretaria.

O que preocupa a secretaria é que a arrecadação chega a duplicar no final do ano e incentiva a exploração. Na próxima semana, 50 novos agentes de proteção começam a trabalhar nas ruas para intensificar a campanha "Dê mais que esmola, dê futuro". Na avaliação de Adriana, com a cidade enfeitada e o apelo das festas natalinas, as pessoas ficam mais solidárias e sensíveis.

Esses pequenos trabalhadores aprendem a seduzir para se virar no mercado competitivo dos semáforos das áreas nobres e centro expandido. "A gente faz carinha triste, estende a mão e fala: ‘Tia, dá uma moedinha’", ensina Fabiano, de 11 anos, que faz malabares. Com os três irmãos e a mãe, em quatro meses levantou dinheiro para construir uma casa simples.

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Segundo a Prefeitura, sem as doações, as famílias terão de aceitar os programas de transferência de renda e tirar as crianças dos faróis, mantendo-as nas escolas e em programas socioeducativos, sob pena de perder o benefício. Mas a concorrência é injusta. A bolsa do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) é de R$ 40 por mês por criança.