Escola usa teatro para inserir cultura e arte no cotidiano dos estudantes

O Colégio Estadual Paulo Freire, do bairro Vila C, Cidade Nova, em Foz do Iguaçu, tem um projeto que está mudando o cotidiano de muitos alunos. A oficina de teatro do professor Maxwell Schelles de Lima tem não apenas revelado talentos, mas também possibilitado que centenas de crianças incluam a cultura e a arte em suas vidas. Somente neste ano, 150 estudantes ingressaram no projeto, 35 dos quais estão no Festival de Artes da Rede Estudantil (Fera) de Toledo, freqüentando as oficinas e se apresentando nos palcos. Uma dessas apresentações, um sarau de poesias, foi presenciado pelo secretário de Estado de Educação, Maurício Requião, na última quinta-feira (20).

O professor de Língua Portuguesa Maxwell explica que seu objetivo maior não é formar artistas, mas criar um espaço de expressão e de contato com a cultura e a arte para seus alunos. ?Envolvendo essas crianças e adolescentes com o teatro e a literatura, nós acreditamos que estamos abrindo um espaço para que elas enriqueçam o seu dia-a-dia. A cultura permite que tenhamos acesso à nossa alma, e nós, professores, podemos também abrir um espaço de contato mais próximo com os alunos?, explicou.

A aluna Mariana Santos de Souza, de 12 anos, é uma das crianças que tem aprendido muito com a oficina. Ela apresentou a poesia ?Andorinha?, de José Paulo Paes, no sarau de poesias e, enquanto se preparava para isso, falou de suas expectativas. ?Quero fazer uma apresentação bem bonita?, comentou.

É certo que descobrir talentos não é a meta principal do projeto, mas o próprio professor Maxwell deixa claro que isso acontece freqüentemente. Um exemplo, segundo ele, é a aluna Taís Fernanda Silva de Haro, que tem 13 anos e cursa a 7ª série. Segundo ele, Taís tem um talento nato e tanto ele como a professora de teatro Joice Bianca Gomes, que trabalha com Maxwell na oficina de teatro, apostam que se ela quiser seguir a carreira de artista terá bastante sucesso. Taís afirma que o fato de poder ?entrar em um mundo diferente? e conhecer pessoas novas a cada apresentação é o que mais a fascina. ?Quando eu subo no palco, vivo uma nova vida, entro no personagem. Posso viver várias vidas, ser várias pessoas, isso é muito gostoso?, disse.

Cultura

Maxwell explica que a Vila C, Cidade Nova foi formada pelos trabalhadores que ergueram a hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Segundo ele, a maioria das pessoas que ali vive é muito pobre e o contato com a cultura se restringe, no máximo, a assistir à televisão. Possibilitar uma vivência cultural para pelo menos algumas das crianças desse local é uma missão para Maxwell e Joice. ?Na televisão não há troca, a pessoa não pode se manifestar, apenas ?engole? o que a tela lhes oferece. Fazendo teatro, lendo poesias, os alunos se expressam, conhecem coisas que seus pais, infelizmente, geralmente não podem lhe oferecer?, afirmam.

Esse objetivo leva Maxwell a ser ?professor em tempo integral? e a oficina não pára nas férias. Os alunos gostam tanto da experiência que freqüentam o ano inteiro os ensaios. O projeto nasceu há 3 anos e já apresentou clássicos como ?Sonhos de uma noite de verão?, de Shakespeare, e ?Aurora de minha vida?, de Naum Alves de Souza?.

No Fera 2005, o grupo encenou o espetáculo ?Yubá, a força que nasce da terra?, uma peça de Milton Neves baseada numa lenda amazônica, e apresentou um sarau de poesias no espaço ?Teatro de Sombras?, recitando poesias de diversos poetas brasileiros, entre eles Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Morais.

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