Escalação de Grafite passa desapercebida na Argentina

A convocação de Edinaldo Batista Libânio – o Grafite – para o jogo da seleção brasileira contra a Argentina na próxima quarta-feira, passou praticamente desapercebido no âmbito esportivo local. A presença na semana que vem nesta cidade do jogador do São Paulo – que junto com o jogador argentino Leandro "El Chavo" Desábato, co-protagonizou um escândalo no qual o esportista do país vizinho foi acusado de supostas declarações racistas – foi eclipsada pelo anúncio que de Ronaldo não participaria dos jogos contra a seleção do Paraguai e da Argentina.

A ausência de Ronaldo – jogador admirado e temido pela torcida local – causou um suspiro de alívio entre os "inchas" (torcedores) argentinos.

Sua substituição por Grafite, segundo analistas portenhos, seria uma manobra de "marketing esportivo" por parte do técnico Carlos Parreira.

Desábato, um jogador de pouca relevância no futebol argentino, não integrará a seleção local. Desta forma, um eventual embate no campo entre os dois protagonistas do affaire racial fica totalmente descartada.

Informações extra-oficiais indicam que representantes de "Futebolistas Argentinos Agremiados" (o sindicato dos jogadores) estão negociando um encontro entre Desábato e Grafite para que os dois lados fumem o cachimbo da paz.

Além disso, a Associação de Futebol da Argentina (AFA), junto com o Futebolistas Argentinos Agremiados, sob o patrocínio do Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo (Inadi), analisa a preparação de um protesto contra o racismo durante o jogo da próxima quarta-feira. Uma das idéias é que os jogadores dos dois países entrem no campo carregando uma faixa com dizeres anti-racistas e anti-discriminatórios.

Com ironia, em um dos poucos comentários realizados sobre a vinda de Grafite, o colunista Ladrón de Guevara, do jornal esportivo "Olé", afirma que "Parreira, ninguém discute isso, tem o direito de convocar quem ele quiser. Seja o Grafite, o Romário, o ou Rei Pelé.

Claro, no lugar do Ronaldo para o Brasil seria mais útil que jogasse o Adriano, do Inter; Batista, do Sevilla; Ailton, do Shalke 04, ou, o Grafite. Neste caso, ninguém poderia pensar que trata-se de uma estratégia do técnico brasileiro – a de trazer Grafite à Buenos Aires – para ‘deixar o clima rarefeito’, para, como também se diz, ‘enlamear o campo".

O analista afirma que espera que no momento do jogo Brasil versus Argentina, a ser realizado no estádio Monumental de Núñez "não apareça um promotor da Justiça procurando álcool em uma garrafinha de refrigerante. Ou, acompanhado por um delegado, com intenções de levar o Grafite preso por cuspir no solo ‘em contravenção de uma norma de 1928 que proíbe salivar em lugares públicos’. Usemos o cocoruto. Se no mundo existem imbecis que armam esse tipo de historinhas, não os imitemos".

O affaire Desábato, transcorrido ao longo de abril, teve pouco espaço na mídia local, já que o jogador era um desconhecido para a imensa maioria dos argentinos. O próprio time onde joga, o Quilmes, embora seja um dos mais antigos do país, possui uma torcida minúscula. Quando o time retornou de São Paulo, onde Desábato havia estado preso, apenas meia dúzia de torcedores os esperavam no aeroporto internacional de Ezeiza.

Para a maioria dos argentinos, a palavra "Quilmes" primeiro remete à tradicional e centenária cerveja (atualmente de propriedade da brasileira AmBev). Em segundo lugar, traz à mente dos argentinos a cidade de Quilmes, na zona sul da Grande Buenos Aires. E só em terceiro posto um argentino poderia lembrar-se do time de futebol.

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