A recente invasão do território equatoriano por um pelotão do Exército da Colômbia, numa ação que resultou na morte do segundo homem na hierarquia de poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e de um grupo de guerrilheiros ali escondidos, representou segundo o enfoque do ministro Tarso Genro, da Justiça, em entrevista à BBC Brasil, um precedente perigoso para a América do Sul, que tem no tráfico de drogas um de seus maiores desafios na área da segurança.
Aliás, um desafio que requer o urgente planejamento de ações conjuntas e solidárias de parte dos governos dos países mais agredidos pela ação do crime organizado. O ministro citou como elementos que acabam estimulando a prática criminosa o acentuado desequilíbrio social regional e a precária estabilidade econômica existente na maioria dos países.
Genro procurou suavizar a visão crítica bastante realista, diga-se de passagem, lembrando o esforço conjunto no sentido de levar a cabo a consolidação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), além da percepção hoje generalizada no plano internacional do estabelecimento de pontos comuns para combater a delinqüência instalada, incluindo a necessidade da realização de investimentos em larga escala em inteligência, treinamento, veículos, equipamentos de comunicação e armas.
O ministro brasileiro, em entrevista à BBC Brasil, salientou que países como Brasil, Argentina, Venezuela, Colômbia e Chile e demais parceiros de economia em fase de desenvolvimento devem constituir a vanguarda duma sólida política de combate ao tráfico de drogas e atividades conexas do crime organizado.
Ilustra a preocupação do ministro o fato assaz conhecido de que o Brasil oferece uma das rotas preferenciais para a passagem da cocaína colombiana destinada aos mercados dos Estados Unidos e Europa. Além disso, figura também na lista dos grandes consumidores de cocaína e, segundo o delegado da Polícia Federal Mauro Spósito, coordenador das ações repressivas nas fronteiras do Brasil com Peru, Colômbia e Bolívia, é grande fornecedor de insumos químicos para o refino e facilitador da lavagem de dinheiro sujo.
