O risco Brasil praticamente desapareceu em alguns tipos de operações que exploram a diferença entres os juros nacionais e os internacionais. Diante dessa situação, é muito difícil para o Banco Central (BC) se contrapor à enxurrada de dólares que está entrando no Brasil e pressionando para baixo a taxa de câmbio.
‘Quanto mais baixo o risco, maior tem que ser a intervenção do governo para evitar que o câmbio se valorize; como ninguém mais tem medo de levar calote, a oferta para esse tipo de aposta (nos juros brasileiros) é muito grande’, diz Armínio Fraga, ex-presidente do BC, hoje à frente da Gávea Investimentos. Fraga nota que o prêmio de risco para aplicações de um ano no Brasil, medido pelos swaps de default, está em apenas 0,20 ponto porcentual. ‘Não há registro histórico de um risco tão baixo’, observa.
Na quinta e sexta-feira, o BC comprou cerca de US$ 4,7 bilhões em leilões à vista e em operações de swaps cambiais reversos. O ritmo médio de compras que levou a China a acumular mais de US$ 1 trilhão de reservas é de US$ 1 bilhão por dia. Do início do ano até quarta-feira, 2 de maio, as reservas brasileiras subiram US$ 36,5 bilhões, basicamente pelas compras no mercado à vista. É mais que o aumento de reservas durante todo o ano de 2006, de US$ 32 bilhões. Apesar das maciças compras de dólar em 2007, o real valorizou-se no ano de R$ 2,14 para R$ 2,035 por dólar.
‘É um ataque especulativo doce’, diz Beny Parnes, diretor-executivo do banco BBM e ex-diretor da área externa do BC. Há consenso de que a pressão de alta do real não deriva só do juro, mas, sobretudo, dos fundamentos econômicos: uma combinação excepcionalmente benigna da grande valorização das matérias-primas e insumos que o Brasil exporta com um ambiente internacional de imensa liquidez. ‘O BC está tentando suavizar a trajetória do câmbio, mas, na atual conjuntura, isso é uma tarefa muito, muito difícil’, resume Parnes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo