Entrando nos eixos

O Brasil tem largo espaço a conquistar em termos de comércio internacional, posto que o avanço deva ser planejado com esmero e distanciado de quaisquer preocupações com o crescimento ancorado em decisões irresponsáveis. A idéia foi exposta aos ministros do Conselho de Política Econômica, em Brasília, por Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para isso, o governo deverá empreender um sistema de identificação dos setores empresariais produtivos com aptidão para o recebimento de incentivos passíveis de transformá-los em conglomerados exportadores, mediante os financiamentos programados pelo banco estatal de fomento da economia.

A decisão chega numa fase de afirmação da economia brasileira frente à demanda sustentada do mercado mundial, num cenário que pressupõe a imediata tomada de providências no sentido de não perder – mais uma vez – as oportunidades que se oferecem para lastrear o crescimento interno.

Segundo o presidente do BNDES, o plano do governo é fazer com que o País chegue a 2010 exportando um volume situado entre 1,25% e 1,5% do mercado mundial, puxado por um percentual de investimentos equivalente a 21% do Produto Interno Bruto (PIB). À primeira vista, os alvos parecem modestos e realmente o são, embora Coutinho tenha esclarecido que para conquistar o terreno, as vendas externas brasileiras precisam aumentar entre 10% e 11% nos próximos três anos.

Dizendo de outra forma e transformada a perspectiva comercial em valores financeiros, o Brasil poderá atingir, no final da década, a estupenda cifra de US$ 210 bilhões nas suas exportações. Coutinho afiançou, no entanto, que o alcance da projeção depende do aumento da taxa de investimentos, atualmente em 16,8%, fator indispensável para a consolidação da política industrial.

Trata-se de excelente notícia para a indústria nacional, sobretudo depois do longo período de estagnação vivido por um setor desestimulado pela falta de incentivos financeiros, pesquisas e desenvolvimento tecnológico. O próprio setor, por meio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) emite sinais inequívocos de reanimação, ao anunciar que a demanda externa por produtos brasileiros, especialmente commodities, e o aquecimento do mercado doméstico, levaram a instituição a rever a projeção de crescimento do PIB em 2007, para 4,7%, suplantando os índices anteriores de 4,2% e 4,5%. Demorou, mas o Brasil está entrando nos eixos.

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