Brasília – No ano passado, a quantidade de dólares que ingressou no País superou as saídas em US$ 18,819 bilhões, segundo balanço do fluxo cambial divulgado hoje (4) pelo Banco Central (BC). Nessa conta, entram todas as operações em moeda estrangeira do País, de comerciais a financeiras. O resultado de 2005 foi o maior desde 1992, quando o ingresso líquido ficou em US$ 20,771 bilhões. Naquele ano, o Brasil começava a dar os primeiros passos no sentido de desregulamentar o seu mercado de câmbio.
O resultado do ano passado, na opinião do economista da Consultoria Tendências, Guilherme Loureiro, foi puxado pelo crescimento das exportações brasileiras. "Com o forte crescimento da economia mundial, tivemos um excelente desempenho das nossas exportações", disse.
O ingresso dos ditos capitais especulativos, segundo o economista da Tendências, não teve tanta influência no resultado do ano passado. "O resultado do fluxo de recursos financeiros ficou negativo em 2005", disse ao destacar que, neste caso, as saídas de capitais superaram os ingressos.
Com a abundância de dólares no mercado, o BC interveio e comprou cerca de US$ 21,8 bilhões em todo o ano passado. A maior parte dos recursos foi usada no pagamento de US$ 15,5 bilhões da dívida do País com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ainda neste primeiro mês de 2006, o BC quitará a dívida do Brasil com os credores oficiais do Clube de Paris, que é estimada em cerca de US$ 2 bilhões. "Com o esforço do governo de obter o grau de investimento das empresas de classificação de risco de crédito, estamos prevendo que a dívida de US$ 8,5 bilhões dos chamados Bradies será zerada neste ano", disse o economista da Tendências.
Para este ano, Loureiro acredita que a entrada de dólares no País poderá superar as saídas em cerca de US$ 15,7 bilhões. "Este número poderá ser ainda maior se a balança comercial vier melhor do que estamos imaginando", disse. Para a Tendências, o superávit da balança comercial neste ano deve ficar em torno de US$ 35,2 bilhões. "Podemos revisar este número", disse Loureiro ao ressaltar que muitos economistas já consideram a hipótese de a balança comercial voltar a ter um superávit na casa dos US$ 40 bilhões. "Com um superávit maior, a nossa expectativa é de que a previsão de entrada de capitais externos fique acima do que estamos prevendo", disse.
As reservas internacionais, neste cenário, poderiam terminar 2006 em cerca de US$ 60,4 bilhões. "Se não houver a recompra dos Bradies, o valor das reservas poderá chegar aos US$ 68,9 bilhões", disse Loureiro. Para isto, o BC compraria em mercado cerca de US$ 9,9 bilhões e o Tesouro Nacional captaria no exterior mais US$ 4,5 bilhões.
