Ficou claro hoje, durante um encontro que reuniu os representantes de entidades de classe que compõem o Movimento pela Legalidade, Contra o Arbítrio e a Corrupção, que há uma divergência de opiniões sobre a realização de atos públicos.
A proposta de que o movimento apóie e promova manifestações de ruas, feita pelo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e apoiada pelo presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Guilherme Afif Domingos, foi o principal ponto que impediu o consenso em torno de uma agenda ações.
De acordo com os interlocutores que participaram da reunião fechada que precedeu um debate aberto, o grande opositor da proposta foi o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
Segundo estas fontes, Skaf vê como precipitada a saída às ruas e pretende consultar os pares na Fiesp antes de tomar qualquer decisão. "Em tudo temos de ver o interesse do País. Nós já temos bastante tumulto. Creio eu que não está faltando instabilidade (no País)", disse na saída da reunião.
Segundo Paulinho, boa parte das entidades que integram o movimento demonstrou interesse em participar da manifestação que ocorrerá no dia 6, na Praça da Sé, centro de São Paulo. "Essa manifestação deve ganhar corpo nos próximos dias", informou.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, Luiz Flávio Borges D’Urso, admitiu que o movimento pode encampar a campanha da central sindical, mas somente após a realização da próxima reunião, que definirá também a apreciação da proposta da instalação de uma Assembléia Constituinte nas eleições de 2006. "Se necessário for, iremos às ruas", afirmou.
Para Domingos, a sociedade brasileira sente a necessidade de manifestar-se, publicamente, contra as denúncias de corrupção. "Acho que a sociedade já pede isso. A manifestação das ruas toca fundo na estrutura do poder", disse.