Entidades de previdência municipal podem processar Banco Santos

A presidente Associação Nacional de Entidades de Previdência Municipal (Aneprem), Sandra Garcia, informou hoje que a entidade poderá processar o Banco Santos e outras instituições que avaliar como responsáveis, caso ocorram perdas no patrimônio de R$ 180 milhões, relativos a recursos de 120 municípios que aplicaram na instituição sob intervenção pelo Banco Central (BC). "Espero que não ocorram prejuízos. Mas, se eles forem constatados, entraremos com medidas legais para reverter este quadro", disse.

Os recursos de associados da Aneprem, distribuídos em três fundos administrados pela Santos Asset Management, estão bloqueados desde o dia 12, quando o BC interveio no Banco Santos e na Santos Corretora. No dia 16, Sandra esteve reunida em São Paulo com representantes do BC, que trabalham no caso com o interventor Vânio Aguiar, para obter informações sobre o bloqueio dos recursos. "Recebi a notícia de que, a partir daquela data, as aplicações estariam livres no máximo em 30 dias para ser transferidas para outras instituições financeiras, como desejarem os cotistas", afirmou.

Segundo a presidente da Aneprem, os R$ 180 milhões estavam aplicados em três fundos, entre eles o FIF Sam Fix e o FIF Santos Credit Yield. Ele explicou que pelo menos 80% dos recursos foram investidos em títulos públicos, obedecendo regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "O que não era aplicado em papéis do governo poderia ser investido em outros tipos de ativos, como renda variável. Asseguro que não tínhamos nada em CDBs, muito menos em CDBs do Banco Santos", disse.

Sandra afirmou ter ficado "incrédula", quando soube pela imprensa, logo após a intervenção do Banco Central na instituição, que muitos saques de clientes ocorreram alguns meses antes da ação do BC. O senador José Sarney admitiu em nota que tirou s uas aplicações da instituição privada porque ouviu rumores sobre as dificuldades financeiras do banco.

"Fizemos um acompanhamento muito atento da situação do Banco Santos, inclusive com análises de agências de Rating. Não vimos nada de errado", comentou a presidente da Aneprem. "Quem sacou antes pode ter tido informação privilegiada." Para Sandra, se o Banco Santos vivia problemas de liquidez há alguns meses, o Banco Central deveria ter agido bem mais cedo. "Se isso se confirmar, o BC não deveria ter deixado a situação chegar naquele ponto. A autoridade poderia, então, ter toma do providências imediatas para evitar que o problema alcançasse as atuais proporções", comentou.

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