Apesar da persistência de alta dos índices de inadimplência e do cenário nebuloso para a realização de reformas pelo governo federal, as entidades que representam os agentes do crédito estão otimistas para 2007, projetando mais um ano de crescimento dos empréstimos no Brasil, desta vez em 25%, segundo a Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi).

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A grandeza da alta, entretanto, deve ser menor do que a observada nos últimos dois anos. "Em 2006 o crédito à pessoa física cresceu 30%. Já em 2007 poderemos fechar em 25%", acredita o presidente da Acrefi, Érico Sodré.

Para ele, entretanto, esse crescimento está condicionado à promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que o País crescerá mais de 5% já em 2007. "O avanço (de 30% no crédito para pessoas físicas) está muito ligado à crença do presidente Lula de que poderemos crescer 5% no ano que vem. Se isso não acontecer, cresceremos um pouco abaixo disso", disse Sodré, em seminário realizado, hoje pela manhã, na sede da Serasa.

Apesar das variáveis macroeconômicas e seu óbvio impacto sobre os empréstimos, a condição de estabilidade da economia e os volumes muito reduzidos em algumas linhas, por si só, já ensejam um crescimento robusto. Esse é o caso, por exemplo, do crédito imobiliário.

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De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Décio Tenerello, os empréstimos hipotecários, no País representam 4 85% do PIB. Já no México e na China, por exemplo, esse porcentual já supera os 11%. "Podemos considerar que o sistema já financiou, no Brasil, mais de 9 milhões de habitações, mas quando comparamos com outros países podemos perceber que ainda temos um potencial de crescimento muito grande", diz Tenerello.

Entraves

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Segundo as projeções da Abecip, enquanto os desembolsos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) em 2006 devem somar cerca de R$ 9 bilhões, para 2007 o número estimado é de R$ 10 bilhões. "Estamos crescendo bem, mas ainda há uma série de problemas a resolver.

Entre os principais entraves estão a questão do funding via poupança, que está se reduzindo há mais de cinco anos, e a questão da inadimplência, que é extremamente alta em relação a outros segmentos. No ramo imobiliário, os clientes inadimplentes – com mais de três prestações em atraso – somam 24,8% do total, sendo que essa parcela sobe para 44,3% nos contratos assinados até 1998. "Nos acordos fechados após 98, entretanto, a inadimplência cai para 6,53%, o que mostra uma boa melhora", diz Tenerello, otimista com a melhora do indicador.

A mesma melhora não se verifica na ponta da captação, em que se tem notado uma queda constante nos depósitos efetuados na poupança, principal fonte de funding do sistema. Em 2006 os resgates líquidos da poupança somaram R$ 3,6 bilhões até outubro uma elevação razoável (cerca de 38%) em relação a 2005 quando os saques atingiram R$ 2,6 bilhões.

"Essa situação nos preocupa bastante, por ser uma tendência que já se verifica há alguns anos e deve se consolidar no futuro", disse Tenerello, para quem essa situação se equilibrará a partir da evolução do mercado secundário de títulos imobiliários. "Mas, por enquanto, o volume desse mercado é irrisório, porque é quase impossível competir com os juros pagos pelos títulos do governo" ressalta.

Já no setor de Leasing, os problemas são menores e as perspectivas positivas. Nesse ano, o saldo das carteiras deve crescer 40%, atingindo R$ 30,4 bilhões. Somente os novos contratos celebrados em 2006 respondem por R$ 20,4 bilhões.

"Esperamos avançar bastante nas operações de leasing em 2007, principalmente, no segmento de máquinas e equipamentos. Nos Estados Unidos, por exemplo, 25% dos investimentos em bens de capital são feitos usando o leasing", diz Rafael Euclides de Campos, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing.