Rio de Janeiro – Representantes de organizações públicas e privadas, organizações não-governamentais e instituições de pesquisa do Brasil e da Índia se reúnem nesta sexta-feira (4) e amanhã (5), no Rio de Janeiro, para trocar experiências no campo das tecnologias sociais.
De acordo com a secretária de Articulação Institucional e Parcerias do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Kátia Campos, as iniciativas surgem a partir da criatividade de membros das comunidades para enfrentar problemas de seu dia-a-dia e podem ser reaplicadas em outras realidades.
?Com a tecnologia social, a gente dá oportunidade para que uma criação local de uma pessoa que vive a falta de um serviço público tenha visibilidade e seja replicado em outras comunidades, se possível virando uma política pública. Quando uma tecnologia é criada num laboratório por um técnico especializado, é preciso que ele imagine o problema, o conheça e saiba que incomoda. Já quem vive o problema tem que ser criativo para resolver a falta de determinado serviço público?, explicou a secretária.
Na avaliação dela, Brasil, Índia e China são os países que estão mais avançados nesse trabalho de tornar iniciativas locais em tecnologias sociais. Uma das experiências bem-sucedidas a ser apresentada durante o evento é a captação das águas de chuvas através de uma estrutura composta por calhas instaladas nos telhados e cisternas, utilizada por famílias do semi-árido para amenizar os efeitos da estiagem prolongada.
De acordo com a representante da Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA), Marilene Souza, organização que ajudou a transformar a iniciativa em tecnologia social, mais de 200 mil famílias dessa região já foram beneficiadas.
?A água é captada dos telhados na época de chuvas, armazenada e tratada pelas próprias famílias, que recebem capacitação para isso. É uma tecnologia simples, de fácil assimilação, em que a comunidade utiliza sua própria mão-de-obra para produzir as placas que servem de matéria-prima para as cisternas?, contou a representante da ASA.
Estima-se em R$ 1,4 mil o custo para cada estrutura, incluindo aquisição de todo o material, capacitação das famílias para tratar a água e capacitação de outros membros da comunidade para construir as placas que formam as cisternas. ?Um investimento baixo quando comparado aos enormes benefícios que são gerados pela iniciativa.?
Outras exemplos de tecnologias sociais bem-sucedidas desenvolvidas no Brasil são a fabricação do soro caseiro, utilizado para reverter quadros de desidratação, e a cultura de camarão em água doce como forma de geração de renda para diversas famílias no Pará.