Encontro FHC-Lula

Por duas vezes, nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva esteve com o presidente da República. A primeira foi quando a liderança do PT foi manifestar ao chefe do governo preocupações com o crescimento do crime organizado. Estava acompanhado do presidente do partido, deputado José Dirceu. A segunda foi em razão do seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O PT supunha ser crime político. O inquérito policial encerrou-se com a conclusão de que foi crime comum. Agora o assunto é reaberto, com insinuações de que possa ter sido mesmo político. Só que envolvendo pessoas ligadas ao próprio prefeito assassinado.

Novamente se torna possível, viável e até desejável um terceiro encontro entre Lula e FHC. Encontro que pode se dar sem nenhum constrangimento e que será útil para o País, descartada a hipótese de ter qualquer sentido eleitoral. Aliás, FHC declarou que está disposto a receber o pré-candidato do PT, desde que fique claro para o Palácio do Planalto que não há propósitos eleitorais no encontro. A abertura partiu do próprio Lula, ao dizer que está disposto a dialogar com toda a sociedade e até apontar para a busca, em um possível governo petista sob seu comando, de um novo pacto social. Antônio Palocci, coordenador do programa de governo do PT, admitiu a possibilidade de haver tal encontro, embora nada esteja, por ora, agendado.

Onde o interesse desse encontro?

Lula, para acalmar o mercado financeiro, aqui e lá fora, depois de reconhecer os prejuízos que o País vem sofrendo com as turbulências das últimas semanas, adiantou alguns itens de seu programa econômico de governo. E ressaltou que manterá a meta de superávit, honrará os contratos firmados e a política fiscal. Mas não deixou de insistir que a crise é culpa do atual governo. O governo rejeita a acusação de responsabilidade pela situação. Mas sempre acreditou que a crise tem como um de seus principais componentes as desconfianças do mercado sobre como agirá, na área econômica, um provável governo Lula.

É certo que, em caso de vitória de um candidato oposicionista e, nesta hipótese, o mais provável é Lula, não será possível de uma hora para outra mudar os rumos da nossa economia. E será imprescindível assumir uma política que dê seguimento e respeite compromissos já assumidos, bem como reconheça condicionantes existentes que prendem o Brasil a diretrizes que, em sintonia fina, a atual equipe econômica vem seguindo. Nada melhor para acalmar os mercado que, numa reunião entre Lula e FHC, ambos reafirmem os compromissos que são do Brasil, desarmando os espíritos e recobrando a confiança dos investidores.

Melhor ainda seria que, dessa reunião, participassem também os assessores econômicos do PT e do governo e ainda o candidato situacionista José Serra. Afinal de contas, a saúde econômico-financeira do Brasil é que está em jogo. E a febre do mercado poderá, a persistirem as desconfianças, continuar até o pleito, a posse do novo presidente e seu mandato adentro. Assim, motivos não faltam para o encontro e oxalá Lula o solicite ao Planalto.

Sobre ser conveniente, esse entendimento não tem nada de renúncia de parte a parte. Em diagnóstico recente, o governador do Ceará, o tucano Tasso Jereissati, que tinha pretensões a ser o candidato do governo à Presidência da República, considerou que as propostas de Serra e Ciro são 99% iguais.

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