Encontro do PT reúne principais acusados de receber ‘mensalão’

A abertura do 13.º Encontro Nacional do PT, em São Paulo, reuniu hoje os principais acusados pelo escândalo do mensalão. Às 18 horas, quando a mesa de autoridades presentes à reunião foi composta, um grito isolado surgiu no plenário: "Chama o Zé!". Era uma referência ao ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, que estava sentado numa das primeiras fileiras da platéia, junto com os militantes.

Os gritos de "1,2,3, Lula outra vez" encobriram o apelo, que foi ignorado. Denunciado como "chefe da quadrilha" pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, Dirceu recepcionou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na entrada da quadra do Sindicato dos Bancários. Estava bem-humorado e rindo muito. Antes de entrar no plenário, conversou com Lula, com o vice-presidente, José Alencar, e com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), pré-candidato ao governo de São Paulo.

Arquiteto das alianças com partidos que foram enxovalhados pela crise, o ex-ministro da Casa Civil presidiu o PT de 1995 a 2002 e compõe o time dos delegados ao Encontro Nacional do partido. O ex-presidente do PT José Genoino, que será candidato a deputado federal, não apareceu. Passaram ainda pela quadra os deputados petistas João Paulo Cunha (SP) e Professor Luizinho (SP), absolvidos pela Câmara recentemente, Josias Gomes (BA), que recebeu dinheiro do valerioduto e ainda não foi julgado e Paulo Rocha, que renunciou ao mandato parlamentar com receio de ser cassado pelo plenário.

João Paulo disse que o PT não deverá acatar a emenda apresentada pela facção Democracia Socialista, pedindo que o Diretório Nacional abra Comissão de Ética para todos os acusados e puna os culpados. Desde a eclosão da crise, há quase um ano, apenas o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, foi expulso do partido. "Eu já fui punido demais, já paguei e fui absolvido. Agora, estou num processo de convencimento da sociedade. Espero que meu partido não volte a pedir isso", afirmou João Paulo, que foi presidente da Câmara.

A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), suspensa do Conselho de Ética depois de dançar no plenário da Câmara para comemorar a absolvição do colega petista João Magno (MG), estava sentada perto de Dirceu. "O PT não pode ter a ingenuidade de achar que os que apontam os dedos lambuzados para nós são pessoas acima de qualquer suspeita", disse o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "O Encontro Nacional do PT é o espaço da base militante por excelência", resumiu o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci.

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