Encontro debate crescimento da produção do bicho-da-seda no Paraná

Acontece nesta quinta-feira (21), em Terra Rica, na região noroeste do Paraná, o 23.º Encontro Estadual de Sericicultores. A expectativa dos organizadores do evento é reunir dois mil agricultores familiares que se dedicam à criação do bicho-da-seda, voltada para a produção de casulos verdes.

Segundo o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, o evento serve para fortalecer ainda mais esse segmento do agronegócio na região. ?No encontro os participantes vão ter a oportunidade de discutir novas ações que beneficiem o setor. Além disso, o evento vai servir para comemorar os excelentes resultados obtidos pela sericicultura paranaense?, afirmou.

Durante o encontro, será assinado projeto para a revitalização da produção de bicho-da-seda no Estado. Orçado em R$ 18 milhões, o projeto é uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria da Agricultura, Banco do Brasil, Associação Brasileira das Fiações de Seda (Abrasseda) e Federação das Associações de Sericicultores do Estado do Paraná (Feaspar). Os recursos são do Pronaf C.

?Com o projeto, esperamos o ingresso de três mil produtores na atividade. Teremos um acréscimo de 40% de participação no setor?, disse o zootecnista do Departamento de Desenvolvimento Agropecuário (Deagro), da Secretaria da Agricultura, José Carlos Zaia.

Também será entregue o prêmio ao ganhador do concurso da logomarca, que será adotada pela Câmara Técnica do Complexo da Seda do Estado do Paraná. O evento é promovido pela Seab, através da Emater-Pr, prefeitura municipal de Terra Rica, Fiação de Seda Bratac, Abrasseda e Feaspar.

Produção

O Paraná é o primeiro produtor nacional de casulos verdes. O Estado responde por 90% da produção brasileira. Segundo Zaia, na última safra os agricultores paranaenses produziram em torno de sete mil toneladas do produto.

No Estado, a área plantada com amoreira, usada na alimentação do bicho-da-seda, é de 21 mil hectares. ?Apesar da estimativa de uma produção 5% menor que a da safra passada, em virtude da estiagem que atingiu o Paraná no primeiro semestre deste ano, os produtores estão animados com a atividade?, disse José Carlos Zaia..

Diversificação

O agricultor Márcio Gomes de Abreu, de Terra Rica, aposta no segmento. Na propriedade de 14 hectares, ele cultiva café, mandioca e produz leite. ?Estou entrando na sericicultura, principalmente, porque é mais uma atividade que diversifica minha propriedade. Se o café não vai bem, por exemplo, posso contar com a produção de casulos?, disse.

Segundo ele, a produção de casulos também atrai devido aos atuais preços do produto no mercado. ?Em média, o valor pago pelo quilo do casulo verde é de R$ 6,50?, afirmou. A cada 27 dias, Abreu produz de três a quatro caixas de casulo, de 65 quilos cada. ?Então, vendo cada caixa por mais de R$ 400,00?, contou.

Incentivo

No município de Terra Rica, a parceria entre os setores público e privado garante o apoio à sericicultura. A Secretaria da Agricultura, por meio da Emater, a prefeitura municipal e a Bratac, empresa que compra os casulos dos produtores, estão envolvidas no incentivo à atividade.

Na década de 90, Terra Rica chegou a ter 100 produtores de casulo. A área com amoreira era de 480 hectares. ?A atividade respondia por 4% da renda do município?, lembrou o engenheiro agrônomo da Emater, Ney Maior Maqueda.

Ele disse que três anos atrás o número de produtores estava reduzido a 10. A área plantada com amoreira não passava de 30 hectares. ?Então, num trabalho conjunto da Bratac, prefeitura e Emater começamos a mudar a situação?, afirmou.

No ano passado, o incentivo aos agricultores veio com o preparo do solo gratuito e a distribuição de mudas subsidiadas pela Bratac. ?A iniciativa atraiu 27 produtores para a atividade?, disse.

Segundo Maqueda, este ano foi cobrado do produtor apenas o combustível do maquinário usado no preparo do solo. ?Com isso, envolvemos outros 63 agricultores. O município já tem 250 hectares de amoreira?, afirmou.

Agricultura familiar

A criação do bicho-da-seda é voltada, principalmente, para a agricultura familiar. De acordo com Maqueda, no município de Terra Rica 90% dos produtores envolvidos na atividade são agricultores familiares.

Para Zaia, os pequenos produtores conseguem com a atividade um rendimento mensal considerável. ?Um alqueire de amora, que envolve o trabalho de uma pessoa, garante entre R$ 500 e R$ 600 por mês.

Segundo o zootecnista do Deagro/Seab, por não exigir muito esforço físico, a atividade atrai, cada vez mais, a mão-de-obra feminina. ?Elas estão produzindo casulos da melhor qualidade?, disse.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo