O Brasil dispõe de aproximadamente 180 instrumentos de crédito voltados ao financiamento de projetos de investimento nos mais variados segmentos da produção industrial. São recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, de diversas fontes, com taxas bastante atrativas que não são acessadas pelos empresários unicamente pela falta de conhecimento. A informação foi dada nesta sexta-feira (19), em Curitiba, pelo consultor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Gilberto Lima. Ele está coordenando em todo o Brasil a Rede Nacional de Política Industrial (Renapi), frente que atuará na disseminação da cultura de inovação e desenvolvimento da produção industrial do país. No Paraná, a iniciativa tem a parceria do Sistema Federação das Indústrias (Fiep).
"Uma das funções da Renapi é tornar estas linhas de crédito conhecidas por parte do empresariado e facilitar o acesso a elas", disse. Segundo Lima, este desconhecimento é reflexo dos 20 anos em que o Brasil viveu sem uma política industrial. "A política industrial brasileira é nova, tem apenas dois anos, e é natural que as pessoas não conheçam os diversos mecanismos de financiamento disponíveis", disse.
Lima trouxe a Curitiba o Curso de Formação de Agentes em Política Industrial, que começou nesta sexta-feira (19) e prossegue neste sábado (20). A iniciativa é inédita no Brasil e foi idealizada pela ABDI e pela Comissão Econômica da ONU para a América Latina e Caribe (Cepal). O curso é o primeiro passo para a implantação da Renapi. Curitiba foi uma das seis cidades escolhidas em todo o país para integrar a primeira fase do projeto. As outras são Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Campinas e Porto Alegre. Nas seis cidades foram treinados cerca de mil pessoas. No segundo semestre a iniciativa será levada a outras regiões do Brasil e a intenção é envolver todo o país.
Estão participando dos cursos gestores públicos das esferas federal, estadual e municipal, representantes de entidades empresariais e executivos de empresas. Estas pessoas serão os facilitadores, disseminando informações especialmente junto a pequenas e médias empresas e Arranjos Produtivos Locais (APLs). Além de prestar informações detalhadas sobre as linhas de financiamento disponíveis, estes facilitadores terão condições também de orientar os interessados na elaboração de projetos para a busca de financiamento.
Será criado um ambiente virtual colaborativo, que possibilitará trocas de experiências, participação de discussões e debates, encontros regionais sobre política industrial. Será um fórum permanente de aperfeiçoamento dos instrumentos e medidas da Política Industrial, de acordo com a realidade de cada região.
A Cepal percorrerá o Brasil prestando assistência técnica especializada com a finalidade de gerar impacto nas economias locais, além de gerar empregos e o conseqüente crescimento global do país.
O presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, que participou da abertura do curso disse que o fortalecimento da indústria, a inserção competitiva no mercado internacional e o desenvolvimento econômico e social do Paraná passam, fundamentalmente, pela construção de políticas industriais. De acordo com ele, além da necessidade de estabelecer uma política industrial nacional, a estratégia de crescimento também indica a importância de criar e estabelecer projetos regionais específicos que patrocinem o aperfeiçoamento e a qualificação das indústrias, além do estímulo à cultura empreendedora.