A idéia do governo, de criar benefícios compensatórios para segmentos da indústria nacional que serão afetados pela redução de tarifas caso seja concluída a Rodada de Doha, foi duramente criticada por representantes do setor produtivo.
Embora a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) esteja elaborando uma lista de pedidos no sentido de se adotar medidas que amenizem o impacto da queda de barreiras prevista nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), representantes de setores como o de máquinas e de produtos eletroeletrônicos industriais e de consumo consideram a iniciativa inócua para impedir o que estão chamando de desindustrialização do País
?Medidas compensatórias nessa altura do acontecimentos, com o dólar no nível em que está, não passam de perfumaria?, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton de Mello. ?Estão querendo dar um pequeno guarda-chuva para a proteger a indústria de um tsunami que está chegando.
Depois de se arrastarem por cinco anos e meio, os esforços para fechar o mais abrangente acordo de liberalização comercial da história foram retomados com o compromisso de representantes de 49 países de relançarem a Rodada de Doha, anunciado em reunião realizada no fim de semana em Davos, Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial. De um lado, os Estados Unidos e a União Européia pressionam por um corte de cerca de 64% na alíquota média de importação de produtos industrializados nos países em desenvolvimento, liderados por Brasil e Índia. Os emergentes, por sua vez, lutam pela abertura agrícola dos ricos
?Se o acordo for fechado nesses termos, simplesmente vai enterrar o resto das empresas que ainda não fecharam suas portas?, afirma o diretor de Comércio Exterior da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica(Abinee), Humberto Barbato