A afirmação atribuída ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que ele não pretende mexer na Previdência Social no seu segundo mandato causou surpresa a empresários e especialistas. Há consenso entre eles de que a reforma previdenciária é essencial para o ajuste fiscal pretendido para acelerar o crescimento da economia.

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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que o governo, se quiser promover cortes nos gastos públicos, não tem alternativa senão a de encaminhar ao Congresso um projeto de reforma da Previdência Social.

"Sem dúvida, o País vai precisar de reformas estruturais, na Previdência e na área tributária. Não há muita opção", declarou Skaf, que participou ontem à noite da cerimônia de posse da nova diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "Quero crer que, pelo bem do País, o governo enfrentará o que for necessário para não criar um ambiente hostil ao crescimento", acrescentou.

Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp , "a tarefa de pôr o Brasil na rota do crescimento exige coisas chatas que contrariam interesses, não são só alegrias". "Pretender uma mudança de rumo sem ter chatices é se conformar em não mudar nada.

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Ex-ministro da Previdência no governo Fernando Henrique Cardoso, o consultor José Cechin afirma que essa reforma deve ser decidida no início do próximo mandato de Lula. "Sem essa reforma o País ficará restrito a taxas de crescimento irrisórias de 2% a 3% ao ano." Para o ex-ministro, o sistema atual apresenta desequilíbrios estruturais que não podem ser solucionados apenas com um choque de gestão eficiente.

Para o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira, se o governo não quer mexer na Previdência, precisa mostrar qual é o perfil do ajuste fiscal que pretende para o País. "Queremos saber como essa conta se fecha.

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