Apesar de reconhecerem o esforço do Governo do Estado em reduzir as tarifas vigentes e cortar pela metade alguns índices de reajustes pleiteados pelas concessionárias, empresários e caminhoneiros defendem uma redução maior nas tarifas de pedágio. Para Walmor Veiss, presidente regional da Associação Nacional dos Transportes, as tarifas praticadas e os reajustes pleiteados pelas concessionárias demonstram "o pouco caso do grupo privado que ganhou benesses do governo anterior". Para ele, os valores que haviam sido propostos significam um desrespeito aos cidadãos paranaenses.
Veiss também é dono de uma transportadora, tem 600 veículos pequenos e grandes circulando pelo Estado e mantém 900 empregados espalhados pelos três Estados do Sul. Mas, segundo ele, está cada vez mais difícil manter a atual estrutura. "As tarifas de pedágio encarecem os serviços de transporte porque o custo com o pedágio tem que ser repassado", afirmou.
O futuro presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Aldo Fernando Klein Nunes, concorda com Veiss. Segundo ele, os clientes já não aceitam arcar com o aumento das tarifas. "Não estamos conseguido nem mesmo repassar a inflação do ano", afirmou Nunes, lembrando que o pedágio é computado como um custo direto, pago a vista.
Outro ponto apontado por Nunes é a condição das estradas. Para ele, pelo preço praticado as vias deveriam estar em melhores condições. "No interior do Estado as estradas não estão boas. A propaganda das concessionárias não condiz com a realidade. Pelos valores que são cobrados, as estradas teriam que estar um tapete", disse. O Setcepar reúne 170 empresas paranaenses de transporte.
Para o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nelson Canan, a nova tabela publicada nesta terça-feira pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovia (ABCR) causou surpresa entre os caminhoneiros. "A categoria ficou revoltada. Pelo menos, o governo reduziu os índices", afirmou.
Segundo Canan, nos últimos dias o óleo diesel aumentou várias vezes e o valor do frete diminui. Além disso, nesta época do ano a oferta de trabalho diminui bastante. "Para ir da Região Sudoeste até Ponta Grossa o valor do frete por tonelada era de R$ 37. Agora, para o mesmo percurso, estão sendo pagos R$ 16,50", informou. O presidente do Movimento adiantou que os caminhoneiros estão programando uma mobilização nacional para protestar contra as tarifas de pedágio e as condições das estradas. Mais de 50 mil caminhoneiros fazem parte do Movimento, sendo 10 mil apenas no Paraná.
Litoral
Para o diretor-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares, Casas Noturnas e Similares do Litoral Paranaense (Sindilitoral), José Carlos Chicarelli, o aumento das tarifas exigido pelas concessionárias é absurdo e pode comprometer toda a economia do Litoral do Estado. "O nosso Litoral já sofreu com problemas em relação ao acidente dos trens da América Latina Logística, com um vazamento de óleo da Petrobras, com a explosão de um navio chileno no Porto de Paranaguá e agora este aumento abusivo vai destruir de vez com a nossa economia", lamentou Chicarelli.
Em relação a nova tabela de preços proposta pelo Governo, o diretor-presidente afirmou que os valores coincidem com as solicitações do Sindicato. "O reajuste proposto pelo Governo do Paraná vem ao encontro daquilo que esperávamos. Mas gostaríamos que este aumento vigorasse só depois da temporada", disse ele.