Empresário tem prejuízo de US$ 3 mi com soja transgênica

A contaminação de lavouras de soja orgânica por grãos transgênicos levou o empresário Paulo Moraes, proprietários da empresa Eco Brazil Organics Ltda, a paralisar suas atividades e ter um prejuízo de US$ 3 milhões em 2004. Além disso, 17 funcionários foram demitidos e o nome da sua empresa no exterior foi comprometido. "Nunca mais vou trabalhar com soja orgânica porque o Brasil corre o risco de estar 100% contaminado pela transgenia em quatro ou cinco anos se nada for feito pelo Governo Federal", lamentou o empresário.

Moraes chegou a enviar um e-mail para o presidente da Comissão de Biossegurança, deputado Silas Brasileiro, explicando sua situação e pedindo uma audiência. "Mas não obtive resposta, fiquei sozinho nessa luta. Descobri que não há interesse em combater o contrabando de sementes de soja transgênica, muito menos a plantação dos grãos", afirmou.

A empresa de Moraes tem sede em Belo Horizonte e desde 1997 exporta frutas e polpas orgânicas. Atendendo a solicitação de seus clientes, o empresário começou a trabalhar com farelo de soja orgânica em 2001. Para isso, investiu pesado em incentivos para agricultores do Rio Grande do Sul, sobretudo das cidades de Passo Fundo e 13 de Maio. "Buscávamos a soja orgânica do Rio Grande do Sul e levávamos para uma empresa em Santa Catarina, que processava a soja e nos entregava o farelo", contou.

Como as encomendas aumentaram, Moraes comprou a máquina processadora da empresa catarinense e abriu uma filial da sua empresa em Florínea (SP), e contratou 17 funcionários. "Em 2001 exportamos 3,5 mil toneladas de farelo orgânico e os números só aumentaram ano após ano. A nossa previsão para 2004 era de vender 10 mil toneladas de farelo", contou.

No entanto, casos de contaminação começaram a surgir em 2002. No ano seguinte, o grau de contaminação da soja aumentou e, neste ano, a empresa encerrou as atividades porque toda a soja comprada do Rio Grande do Sul estava contaminada. Moraes conta que os produtores tomaram todas as precauções possíveis, mas fazendas vizinhas plantaram soja transgênica, o que acabou contaminando as propriedades próximas. Vários lotes de soja foram rejeitados pelos clientes devido ao alto grau de contaminação.

"Tive que rescindir contratos internacionais porque não consegui mais comprar soja orgânica. Os produtores que ainda conseguem cultivar o grão orgânico já estão comprometidos com outras empresas e eu acabei ficando sem fornecedor", contou o empresário. Os últimos contratos que Moraes não conseguiu honrar eram com empresas da França e dos Estados Unidos, que pagariam US$ 600 por tonelada de farelo de soja orgânica, contra US$ 220 pagos pela tonelada da soja convencional.

O empresário voltou a trabalhar apenas com frutas e polpas de frutas orgânicas. "Escolhi trabalhar com orgânicos porque acredito que esse tipo de cultivo proporciona um trabalho mais justo e solidário para o pequeno agricultor. Além de ser uma agricultura mais limpa, a rentabilidade também é maior", justificou.

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