Empresário preso pela PF doou dinheiro para campanha

Preso pela Polícia Federal (PF) como um dos líderes da quadrilha que pode ter desviado até R$ 1 bilhão dos cofres da Previdência Social e da Receita Federal e apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como conhecedor de uma suposta caixinha para a compra de apoio de parlamentares, o empresário Márcio José Pavan, doou dinheiro para a campanha eleitoral de pelo menos um parlamentar e teve encontros com outros deputados para tentar aprovar um fundo constituído pela dívida ativa de empresas que devem para o governo federal.

Na campanha de 2002, Pavan e a mulher dele, Érica Lima de Castro Pavan, doaram R$ 272 mil em dinheiro para a campanha da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que então disputava a reeleição pelo PSDB. Ele doou R$ 172 mil no próprio nome. Outros R$ 100 mil foram doados também em dinheiro por Érica. O valor corresponde a 65% do total de R$ 416 mil arrecadados por Rose para a campanha. Ela disse hoje que a doação ocorreu em 2002, quando Pavan, amigo dela, esteve em Vitória interessado na compra da carteira do Banco do Estado do Espírito Santo (Banespes) e, numa conversa com ele, decidiu pedir ajuda para a campanha.

Perguntada três vezes sobre o valor recebido por Pavan, Rose repetiu que eram R$ 140 mil e omitiu a doação feita por Érica. A deputada do PMDB do Espírito Santo disse que conheceu Pavan em 1993 ou 1994, quando era deputada constituinte e ele integrava uma comissão que reivindicava recursos para o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). "Ele era usineiro e tinha plantações de cana", disse. Na verdade, Pavan tornou-se dono de usina de álcool, em Mirandópolis, no interior de São Paulo, em 2000, comprada do ex-deputado Maluly Netto (PFL-SP), atual prefeito de Araçatuba (SP), cidade natal do empresário.

A deputada disse que esteve "apenas uma vez" com Pavan em Brasília e apontou os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Júlio Semeghini (PSDB-SP) como conhecidos de Pavan. Pimenta disse hoje que recebeu Pavan no gabinete, depois de um audiência pedida por uma instituição chamada Public Investimentos, da qual seria um dos proprietários.

"Ele esteve aqui apresentando uma proposta para a criação de um fundo de investimentos composto com recursos da dívida ativa de empresas que devem para o governo, mas a proposta não andou", disse Pimenta, afirmando que não conversou com o empresário sobre doações de campanhas, mas que ficou "preocupado" quando Pavan foi preso, em abril e o nome apareceu na imprensa, na semana passada, como um dos operadores de uma caixinha envolvendo o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Marcos Delúbio e o deputado Roberto Jeferson (PTB-RJ). "Afinal, esse sujeito entrou no meu gabinete", alegou.

Semeghini disse ter conversado duas ou três vezes com Pavan, em Araçatuba e São Paulo. "Ele é filiado ao PSDB de Araçatuba, onde possuo relacionamentos; conversamos, rapidamente mas nunca tratamos nada de campanha", afirmou.

Cassação

O presidente do Diretório do PSDB de Araçatuba, Paulo Stefan, disse hoje que a Comissão de Ética deverá discutir em setembro a expulsão de Pavan. Hoje, Maluly Netto, um dos fundadores do PFL e amigo de Pavan, teve o mandato de prefeito de Araçatuba cassado pelo Tribunal de Justiça (TJ) por ter depositado recursos públicos no Banco Interior Paulista. O banco foi liquidado, extrajudicialmente, quando Pavan tentava controlá-lo, em 2001. O objetivo era pôr a instituição financeira para gerenciar a dívida pública da prefeitura de Araçatuba, o que não ocorreu porque o banco foi liquidado e os recursos públicos ficaram retidos.

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