Brasília – O empresário Abel Pereira negou nesta quinta-feira (23) ter mantido contato estreito com o ex-ministro e atual prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri, quando este ocupou a pasta da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso. ?Eu o conhecia como morador de Piracicaba e ministro?, disse Pereira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas.
Abel Pereira contou que esteve apenas uma vez no Ministério da Saúde, participando de audiência com então ministro Barjas Negri e o prefeito de Jaciara (MT), Valdizete Martins Nogueira, em julho de 2002. O empresário explicou que marcou a audiência com o ministro porque o prefeito queria falar da liberação de verbas para construção de um hospital em Jaciara, onde tem uma fazenda.
?Estive na reunião para ajudar Valdizete. E, para um empresário, é um orgulho vir a Brasília visitar ministro?, afirmou. O convênio para liberação da verba de aproximadamente R$ 500 mil foi assinado no mesmo ano e a empresa de Abel Pereira venceu a licitação para construção da unidade.
Segundo Pereira, a relação com Barjas Negri ficou mais próxima durante a última campanha municipal [em 2002], vencida pelo ex-ministro. As empresas de Pereira fizeram doação a campanha.
Abel Pereira é suspeito de intermediar licitações superfaturadas na gestão do ex-ministro Barjas Negri. Os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da Planam, empresa envolvida no esquema de compra superfaturada de ambulâncias para prefeituras, disseram em juízo que Pereira teria ligações com o esquema no governo passado.
Em depoimento na Justiça Federal, Luiz Antônio Vedoin e Ronildo Medeiros, funcionário da empresa, dissseram que Abel recebia cerca de 6% do valor de cada recurso liberado no Ministério da Saúde em favor da Planam. Abel Pereira negou as acusações. ?Quem sou eu para liberar emenda de parlamentar? Eu nem sei como funciona.?