No depoimento de ontem à Polícia Federal, em que respondeu sobre 19 dos 84 parlamentares processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento com a máfia dos sanguessugas, o empresário Luiz Antonio Vedoin disse saber a data em que sacou dinheiro para pagar a propina acertada com eles. Para o sub-relator de Sistematização da CPI dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), a informação permitirá mapear os procedimentos a partir da apresentação da emenda do parlamentar até a "quitação" do acordo.
"Com essas datas, e como nós já temos a quebra do sigilo bancário das empresas, poderemos confirmar se na data ou na véspera do pagamento ele fez um saque no valor que disse ter pago ao parlamentar", explicou. Sampaio obteve a informação na conversa que teve ontem com delegados da força-tarefa da PF encarregados dos 115 inquéritos relacionados ao esquema. A maior parte deles se refere aos parlamentares envolvidos no esquema. Os outros 31 tratam de prefeituras com indícios consistentes de participação no esquema.
De acordo com o deputado, o cruzamento feito por técnicos da CPI sobre a ligação de 60 prefeitos com 37 deputados facilitará as investigações. "Quando forem inquirir o Vedoin, eles têm ali provas documentais das transações financeiras e das emendas de ex e atuais parlamentares para compra de ambulâncias", justificou.
Sobre a afirmação do empresário à CPI, de que teria uma caixa com o nome de 30 parlamentares ainda não investigados, Carlos Sampaio disse torcer para que esses documentos apareçam. Segundo ele, Vedoin teria afirmado que a caixa foi apreendida pela Polícia Federal ou que não sabia onde ela estava. "Então, é importante que em dado momento a caixa apareça", defendeu.