Brasília, 25 (AE) – O empresário americano Mário Glikas, acusado de contrabando de diamantes, em Rondônia, será chamado para depor no inquérito que apura o envolvimento dos delegados Wilson Perpétuo e José Bocamino, presos na quarta-feira em Ribeirão Preto, a 310 quilômetros de São Paulo, além do agente Luiz Cláudio Santana, com uma quadrilha de roubo de cargas. Foi durante investigação feita em torno de Glikas que a Diretoria de Inteligência Policial (DIP) da Polícia Federal descobriu a relação dos policiais com extração ilegal de diamantes e com outros tipos de crimes.

Investigadores que trabalham no caso acreditam que a relação dos delegados com Glikas pode ser bem maior do que se imaginava. A PF mantém em sigilo diversos indícios da relação dos policiais com diversos grupos, principalmente com roubo de cargas, mas admite que eles podem estar vinculados também com a extração de diamantes na Reserva Indígena Roosevelt, dos cintas-largas, em Cacoal, norte de Rondônia.

Interceptações telefônicas feitas em torno de uma investigação de contrabando indicou que os delegados tinham negócios no Estado. Além disso, um dos dois policiais federais presos, do fim do ano passado até agora, é acusado de fazer segurança e prestar assessoria nessa área para Mário Glikas. Os dois agentes também deverão ser ouvidos pela PF no inquérito relacionado aos delegados.

Depoimento – O delegado Wilson Perpétuo será ouvido amanhã (26) pela área de inteligência da Polícia Federal, em Brasília, onde está preso. Hoje foi tomado o depoimento de Mário do Amaral Fogassa, preso no início da semana em Curitiba, acusado de roubo de carro. Ele é considerado uma das principais testemunhas do caso, mas agentes que trabalham na Operação Lince – que prendeu mais cinco pessoas na quarta-feira – não revelam o conteúdo de suas declarações. Além dos três policiais e do ladrão de carros, foram presos o advogado Fauzi José Saab Júnior e outros dois suspeitos de roubo de carga, Jair Dias de Morais e Roberto Lopes Alvares.

Dependendo dos depoimentos, a PF poderá pedir a transformação da prisão temporária dos suspeitos em prisão preventiva.

Em Porto Velho, onde está preso na superintendência da PF, Glikas manifestou desejo de falar sobre as acusações que pesam contra ele. “É necessário que ele seja ouvido neste caso, pois parece ser uma pessoas de importância”, afirma um investigador, acrescentando que as primeiras investigações em torno de Bocamino começaram depois da interceptação, pela PF, de uma conversa do empresário com outras pessoas.

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