Maceió (AE) – Policiais da Delegacia da Mulher prenderam, hoje pela manhã, a empresária Girlane Santos Silva, conhecida por Leninha. Ela e o marido, Dênis Gonçalves Melo, são donos das duas principais boates que exploram prostituição em Maceió.
Girlane Silva é acusada de tráfico interno de mulheres para prostituição, formação de quadrilha, rufianismo e por manter uma casa de prostituição. O casal é acusado de comandar uma rede de prostituição no Estado.
Gonçalves Melo, que trabalhava como radialista policial e escrevia em jornais de Maceió, foi indiciado no mesmo inquérito. Ele é esperado até sexta-feira (14) para prestar depoimento à delegada da Mulher, Fabiana Leão. Caso não se apresente, passa a ser considerado foragido.
O mandado de busca e apreensão foi expedido hoje, pelo juiz plantonista do Fórum de Maceió, Roldão Oliveira Neto, da 14ª Vara Criminal. Na casa onde Girlane Silva morava, na Ladeira da Moenda, foram recolhidos vários documentos das prostitutas.
"Elas moravam naquela casa e de lá seguiam para os prostíbulos", explicou a delegada, que já ouviu mais de 20 mulheres no inquérito. "Todas afirmaram que estavam lá espontaneamente", disse Fabiana. Embora algumas tenham contado que eram proibidas de sair até para ir à farmácia para comprar um remédio.
Operação Cinderela – Segundo a delegada, o inquérito foi aberto depois da Operação Cinderela, iniciada no final da noite da última sexta-feira, quando cerca de 50 mulheres foram detidas e pelos menos três gerentes de boates foram presos. Fabiana Leão disse que aguarda a apresentação de Dênis Melo para concluir o inquérito, que deve ser encaminhado à Justiça na próxima semana.
A Operação Cinderela foi desencadeada pelos Ministérios Públicos Estadual, Federal e do Trabalho em Alagoas. As promotoras Karla Padilha e Marluce Falcão, do MP alagoano, acreditam ter desvendado a maior rede criminosa de prostituição organizada do Estado. Quatro equipes de promotores e promotoras participaram da ação, com a ajuda da Polícia Civil.
Filmagem – Durante a batida policial, foram apreendidos documentos, computadores, material de filmagem e fitas de vídeo. As promotoras revelaram que Leninha e o marido usavam um circuito interno de TV, com câmeras embutidas em caixinhas de som, para filmar os clientes fazendo sexo com garotas de programa nos quartos das boates.
A promotora Marluce Falcão revelou que esta rede já atua há mais de uma década no Estado. Segundo ela, a rede de prostituição era "comandada por Dênis Gonçalves Melo e sua mulher Girlane Santos da Silva".
De acordo com o Ministério Público, a rede já vinha sendo investigada, mas somente com o a Operação Cinderela foi possível apreender os livros de contabilidade, câmeras de vídeos usadas para filmar relações sexuais entre os clientes e as garotas de programa, álbuns com fotos das garotas, computadores e uma série de celulares.
Os celulares eram deixados por clientes quando eles não tinham como pagar as contas. "Só aí é mais um crime contra o consumidor", acrescentou a promotora Marluce Falcão. Segundo ela Dênis e Leninha são donos das boates 209 (em Jaraguá) e O Beco (no Centro), além da barraca Boêmia (na orla marítima) que servia de ponto para turismo sexual,
Conforme os livros de caixa apreendidos, as três casas noturnas tinham um faturamento mensal de R$ 100 mil, chegando a picos de R$ 126 mil, como foi o caso do mês de agosto. "Eles são muito organizados. Todas as garotas eram trazidas do interior de Pernambuco e Recife", afirmou a promotora.
Segundo Marluce Falcão, a há suspeita de que o casal de contraventores falsificava documentos das garotas menores de idade para enganar a fiscalização da polícia. O casal já responde a processos na Justiça por este tipo de crime. "A Leninha já chegou a ser presa em Belém do Pará, quando tentava agenciar garotas", informou a promotora.