O número de empresas instaladas em Curitiba e municípios
vizinhos que investem em tecnologia e diferenciam produtos faz com que a região
se torne um grande potencial de desenvolvimento. A avaliação é do diretor de
Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), João
Alberto de Negri, que esteve na tarde desta quinta-feira (30), em Curitiba, para
uma palestra e lançamento de seu livro "Inovações, padrões tecnológicos e
desempenho das firmas industriais brasileiras".
O evento foi promovido pela Curitiba S.A. e a Federação das
Indústrias do Estado do Paraná, no Cietep, durante o Fórum Paraná de Inovação na
Indústria. Curitiba faz parte de um dos quinze pólos industriais existentes no
país, identificados pelo estudo Mapa das Inovações Industriais no Brasil, que
avaliou 72 mil empresas brasileiras, com mais de dez funcionários.
Na região Sul, além de Curitiba, esses aglomerados industriais
estão localizados em Maringá e Londrina, no Paraná; em Joinville e Blumenau, em
Santa Catarina; e Porto Alegre e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
De Negri diz que o "motor" da indústria paranaense é formado
por empresas inovadoras. A vinda das montadoras de veículos para a Grande
Curitiba foi importante e, segundo o diretor, o Estado se destaca ainda na
produção de fármacos, softwares, alimentos e instrumentos médicos e
hospitalares. "Na indústria de alimentos, encontramos empresas fabricando
produtos novos até mesmo no mercado mundial", diz.
O estudo do IPEA mostra que das 72 mil empresas brasileiras
pesquisadas, apenas 1.300 são inovadoras. Destas, 13% estão localizadas no
Paraná. São Paulo, que possui um parque industrial histórico, detém 42% de todas
as empresas brasileiras que investem em tecnologia e diferenciam produtos.
De acordo com a pesquisa, as empresas que investem na inovação
de produtos e processos são responsáveis por 26% do faturamento industrial e por
13% do emprego gerado no Brasil. Essas empresas também oferecem melhores
salários, em média, 23% mais altos do que nas demais indústrias.
Investindo 3% de seus faturamentos em pesquisa, essas empresas
inovadoras conseguem cada vez mais se inserir no mercado competitivo. O índice é
superior à média européia, que gira em torno de 2,7%. Empresas que inovam
exportam 18% mais para a Europa e 16% mais para os Estados Unidos, com preços
30% maiores que outros empresários brasileiros. "A inovação tecnológica é o
principal fator de concorrência. Quem inova e diferencia produto consegue
exportar com maior valor adicionado", diz De Negri.