O emprego industrial respondeu com estabilidade à perda de ritmo da atividade
industrial em fevereiro. A ocupação do setor caiu 0,1% ante janeiro. Houve
crescimento de 2,8% ante fevereiro do ano passado, a 12.ª expansão consecutiva
nessa base de comparação, mas a menor variação apurada em sete meses. Para
Isabella Nunes Pereira, da Coordenação de Indústria do IBGE, os dados são "uma
resposta do mercado de trabalho a um quadro de desaceleração na margem da
produção".
A massa de rendimentos da indústria cresceu, com expansão da
folha de pagamento real em todas as bases de comparação: 0,7% ante janeiro e
2,1% ante fevereiro de 2004. No entanto, esse foi o pior resultado ante igual
mês de ano anterior desde dezembro de 2003 e, segundo Isabella, o número está
vinculado a pagamentos de benefícios concentrados nessa época do ano e ao
aumento do número de horas pagas, que cresceu 1,4% em fevereiro ante janeiro e
1,8% ante fevereiro do ano passado.
Para a economista do IBGE, "há um
cenário de indecisão para os empresários, que são os agentes das contratações".
Essa indecisão, segundo ela, responde às taxas de juros em trajetória de
elevação, "ligeira pressão" da inflação e desaceleração da atividade industrial
na margem. Isabella explica que é como se as empresas estivessem em compasso de
espera, em um momento mais cauteloso.
Apesar disso, ela sublinhou que,
mesmo que o mercado de trabalho esteja respondendo aos movimentos da produção
industrial com estabilidade, ela ocorre no nível mais elevado do emprego na
indústria da série da pesquisa, iniciada em março de 2001. Isabella explica que
o emprego industrial vinha em trajetória ascendente desde abril de 2004 e, em
novembro do ano passado, atingiu o nível mais elevado da série, estabilizando a
partir de então.