Emprego e salários crescem na indústria

Rio – O mercado de trabalho industrial começou a responder, ainda que timidamente, ao recente aquecimento da atividade do setor. Em fevereiro, houve aumento de 0,5% no número de ocupados na indústria ante janeiro, no primeiro crescimento ante mês anterior após quatro meses de queda. Na mesma base de comparação, a massa salarial (folha de pagamento real) do setor cresceu 2,4%.

Isabella Nunes, economista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), observou que o emprego e salário na indústria, que mostraram desaceleração no ano passado, respondendo à perda de ritmo na atividade do setor no período, começaram a refletir agora o reaquecimento da economia que vem ocorrendo desde dezembro. Ela disse que o emprego sempre responde com algum atraso aos sinais da produção, como está ocorrendo neste início de ano.

Na comparação com fevereiro do ano passado, a ocupação na indústria recuou 0,8%, mas segundo Isabella o dado reflete sobretudo uma base de comparação elevada e não invalida o diagnóstico de recuperação. Prova disso, segundo ela, é que o índice de média móvel trimestral, considerado o principal indicador de tendência, interrompeu a trajetória de queda e registrou estabilidade no trimestre encerrado em fevereiro, ante o terminado em janeiro.

Isabella explica que o ano de 2005 começou aquecido para o mercado de trabalho, que refletia então os fortes dados da indústria em 2004. Por isso, a base de comparação alta acaba afetando os dados deste início de ano. No primeiro bimestre, houve queda na ocupação de 1,1% ante igual período do ano passado, mas a economista do IBGE alerta que os dados ante mês anterior são mais importantes para avaliar o cenário no momento. "O movimento do emprego já mostra uma resposta à recuperação da atividade", disse.

Para Isabella, as perspectivas para o mercado de trabalho industrial são positivas, como mostram dados das horas trabalhadas do próprio IBGE e a Sondagem Conjuntural da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada hoje.

O número de horas pagas cresceu 2% em fevereiro, ante janeiro. Isabella lembrou que os empresários primeiro aumentam as horas pagas, antes da contratação de funcionários. Nesse caso também o índice de média móvel trimestral é positivo, com expansão de 0,2% entre os trimestres encerrados em janeiro e fevereiro.

A sondagem da FGV mostrou otimismo dos empresários e, segundo Isabella, a confiança é o primeiro passo para a decisão de abertura de vagas. Das 491 empresas consultadas pela instituição, 54% prevêem melhora da situação dos negócios nos próximos seis meses e o grau de otimismo da indústria é o maior desde janeiro de 2005.

Isabella ressaltou como ponto preocupante da ocupação industrial o fato de que os setores que vêm se destacando nas exportações, como alimentos e bebidas, estão puxando o emprego, enquanto aqueles que vêm perdendo rapidamente espaço nos mercados externo e interno, como calçados – afetado pelo câmbio – lideram as demissões.

Salários 

s dados da folha industrial foram "inflados" em fevereiro pelo pagamento de benefícios como 14.º salário nas indústrias extrativas (petróleo e mineração). O setor extrativo elevou a folha em 31% em fevereiro, ante janeiro, puxando para cima os dados da indústria em geral, cuja folha de pagamento real subiu 2,4% ante o mês anterior.

Isabella explica que a folha está também influenciada pela queda na inflação e o aumento na ocupação, mas o principal impacto veio da extrativa. Na comparação com fevereiro do ano passado, a folha cresceu 2,1% e no acumulado do primeiro bimestre, aumentou 0,8%.

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