Assim como no filme “À procura da felicidade”, com o ator americano Will Smith, o empresário Edmilson Fernandes morou nas ruas de Curitiba e, literalmente, comeu o pão que o diabo amassou. Foram seis meses debaixo da marquise do Mercado Municipal, no Centro de Curitiba, história já publicada aqui na Tribuna.
Fernandes trabalhou durante 25 anos com fibra de vidro, atuando na preparação de carros na Stock Car, na cenografia de espetáculos teatrais e arquiteturas promocionais. Entretanto, em 2015, após sair da empresa na qual trabalhava, ele passou por dificuldades financeiras e foi morar na rua. Na época, estava cursando gastronomia no Senac, sua outra paixão.
Enquanto morou nas ruas, Fernandes conseguiu fazer alguns “bicos” e levantar uma verba para investir na pequena empresa que montou, a Vuk Personal Parks. Ele fabrica peças de carro em fibra de vidro, material que sabe trabalhar devido à experiência na Stock Car. Levou seu projeto até o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e hoje está abrigado na Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec).
A novidade é que depois de sair no jornal, Fernandes já fechou contrato com uma grande empresa e em função disso, ganhou um espaço maior no Intec. “Passei a partir disso a ser chamado de Will Smith, por causa do filme”, conta. No filme, o personagem principal vai morar nas ruas até conseguir se reerguer. E é exatamente isso que Fernandes está fazendo agora, se reerguendo. “Já tenho minha casa, minha empresa e agora sonho em ter um restaurante de comida brasileira”, conta.
Protótipo
Nos dias ruins, Edmilson costumava andar a pé, já que não tinha dinheiro para a condução. Foi num desses dias que passou em frente a Legend Motors, empresa especializada em customização de motos. Lá, viu que o proprietário estava com dificuldades de reposição de uma peça. Ele se ofereceu para produzi-la. Não deu outra: já recebeu uma grande encomenda. “No Brasil essas peças só existem em plástico. Ele me deu o modelo e reproduzi em fibra de vidro. Foi sucesso”, comemora.
Fora a Legend, Edmilson está fechando contrato com mais duas empresas, entre elas a construção de um carro de corrida em fibra de vidro para o próximo ano. “Nunca aceitei ser chamado de coitado. Todo mundo fala em crise mas eu pergunto o que cada um está fazendo para sair dela. Se cada um desse a sua contribuição, o país seria bem melhor”, filosofa.
Assim como no filme, Edmilson/Smith conseguiu se reerguer graças ao seu talento e disposição para o trabalho. E como ele mesmo diz, a vida imita a arte. “Agora estou sendo chamado de o Will Smith brasileiro”, comemora.
Mais de 100 negócios
Os empreendedores que quiserem participar do programa de incubação do Tecpar podem fazer, ao longo do ano, a inscrição para concorrer a uma vaga em uma das duas unidades da Intec, em Curitiba e em Jacarezinho.
São ofertadas vagas para a modalidade residente (quando a empresa fica nas dependências da Intec) e para a incubação não residente, quando o empresário não se instala na incubadora, mas conta com o apoio dos especialistas do instituto.
Podem participar do processo de incubação pessoas físicas, como universitários, pesquisadores e empreendedores que tenham um negócio inovador, ou ainda pessoas jurídicas. Ao longo de 27 anos, a Intec já deu suporte tecnológico a mais de 100 negócios.
No momento, oito empresas passam pelo programa de incubação: Beetech/Beenoculus, Werker, i9algo, Invento Engenharia, Vuk Personal Parts, Compracam, Provena e RR Import.
Últimas incubadas
Para fechar o ano, mais duas empresas promissoras estão incubadas no Intec. A primeira, a Forrest Brasil Tecnologia, desenvolve o projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de controle natural do mosquito Aedes aegypti. O projeto de PD&I é inédito e busca produzir e liberar na natureza machos estéreis do mosquito transmissor do Aedes aegypti.
Com o projeto, a tendência é que haja a queda da incidência do mosquito em até 90%, com redução significativa de registros de casos de doença como a dengue, a zika e a chikungunya. A empresa assinou o contrato de incubação para participar na modalidade residente, instalando-se no câmpus Araucária do Tecpar, com foco no Parque Tecnológico da Saúde.
A segunda empresa é a RR Import. A ideia é desenvolver um monitor portátil, inédito no país, que vai ser usado quando um paciente for anestesiado. Com o equipamento, o médico tem mais segurança sobre o bloqueio de reflexos do paciente durante uma cirurgia.
Ricardo Faria, um dos sócios da empresa, conta que a empresa tem uma experiência de sete anos na área de equipamentos de saúde. Agora, em uma parceria com uma companhia espanhola, a RR Import recebe a transferência de tecnologia para adaptar ao paciente brasileiro e comercializar no mercado nacional.
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