Ele já cozinhou para George Soros, Casa Branca, Ronaldinho e todos os cartolas da Fifa, entre outras autoridades do mundo das finanças, futebol político e artístico. O chef Júlio Mathias, que atualmente mora entre Curitiba e Nova York já foi produtor de shows, estudou Ciências Humanas, mas foi na beira de um fogão que encontrou sua verdadeira vocação. “Foi lá que percebi que a vida tinha mais sentido”, justifica.
Mathias foi para os Estados Unidos nos anos 80. “Trabalhava com artes plásticas e fui para lá dar um tempo do Brasil”, explica. E como boa parte dos imigrantes, chegou e foi trabalhar com culinária. “Vi toda minha vida resumida num prato de comida”, lembra. Tomou gosto pela alquimia da cozinha e não quis mais deixar as panelas. “As coisas foram se sucedendo e uma levou a outra”, avalia.
Foi trabalhar num catering, próximo de sua casa. Ele mora num loft no Village. “Na rua paralela é o escritório do Soros. Um dia ele pediu que fosse servido e desde então virou cliente”, conta. O mesmo catering serve o Balé de Nova York e a Casa Branca. Mathias também preparou muitas festas na cidade, duas em especial ele recorda com muito orgulho.
“Quando o Ronaldinho foi eleito pela última vez como o melhor do mundo, a Nike, que era a patrocinadora, encomendou uma festa brasileira. Fui responsável pela comida de 800 pessoas”, lembra. Outra festa sob sua responsabilidade foi a inauguração do World Trade Center 7, com festa para 1,2 mil pessoas e cardápio brasileiro, em 2013. A reconstrução se deu depois dos atentados de 11 de setembro.
Faculdade
Mathias conta que sabia que tinha um dom pra cozinha desde os anos 70, quando ia acampar com os amigos. “A função de cozinhar era sempre minha”, recorda. Apesar de ser brasileiro, ele chama a sua cozinha como “internacional”. “Para trabalhar nos lugares que trabalhei é preciso conhecer um pouco de tudo. Claro que muitas vezes me pedem uma culinária tupiniquim, mas na maior parte das vezes é o convencional, mesmo”, explica.
No Great Performances, catering para o qual atualmente presta serviços, do total de 30 chefs, ele é o único brasileiro. “Tenho a vantagem de falar quatro idiomas”, orgulha-se. Além do português, Mathias é fluente em inglês, francês e espanhol. “Com isso, consigo me comunicar com todos eles, o que é uma vantagem para o local que trabalho”, conclui.
Chef não é cozinheiro
Para exercer a profissão de chef de cozinha, não é preciso curso superior. Já os gastrônomos precisam fazer curso de gastronomia. A função de um chef é planejar a execução do prato, o pré-preparo, o preparo, a finalização, a qualidade dos alimentos e os métodos de cozimento.
Para exercer a profissão, além de o profissional ter interesse pela área de alimentos e sua preparação, outras características indispensáveis são higiene, metodologia, bom senso, criatividade, responsabilidade, capacidade de liderança e feeling para novas experiências.
O mercado de trabalho para os chefes de cozinha é bastante amplo, podendo atuar em restaurantes, churrascarias, pizzarias, bares, lancherias, redes de lanchonete tipo fast food, instituições públicas e privadas. Também pode trabalhar com a confecção das refeições em grande escala em refeitórios de empresas, instituições, hospitais, penitenciárias, escolas, faculdades, hotéis, entre outros locais.