As emissoras de televisão entregaram hoje (18) ao governo brasileiro um documento no qual descrevem os critérios que consideram fundamentais para o padrão de TV digital brasileiro. As indicações das emissoras reforçam o padrão japonês, em detrimento do americano e do europeu. A decisão do governo, segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, "está na reta final". Apesar de o padrão americano ter sido tecnicamente descartado, o governo não excluiu a possibilidade de negociar as contrapartidas comerciais com os detentores das três tecnologias.

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O documento foi apresentado hoje à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os dirigentes das emissoras, entre elas a Rede Globo, SBT e Bandeirantes, pedem que a TV digital continue sendo aberta e destinada a todos os brasileiros, segundo relato de Costa. "A TV digital deve comportar a alta definição, a definição standard (com qualidade de imagem inferior), a portabilidade e a mobilidade (o sinal poder ser recebido por aparelhos em movimento). "Cumpridas essas exigências, qualquer dos sistemas que forem apresentados será aceito pelos radiodifusores", afirmou.

Costa não descartou nenhum dos concorrentes, mas disse que o japonês, neste momento, é o que atende a todas as exigências das empresas. "Se perguntar a um técnico, a um engenheiro, e eu não sou engenheiro, é possível que ele diga que o padrão japonês, neste momento, atende a todas estas especificidades. Nada impede que os europeus, amanhã, digam para nós que podem também preencher essas lacunas. E até os americanos", afirmou.

De acordo com estudos técnicos, o padrão japonês permite, além da mobilidade, a possibilidade de oferecer serviços interativos sem precisar das redes de telefonia. O sistema europeu, por sua vez, foi pensado para fazer a interatividade pela linha telefônica, o que não agrada muito às empresas de televisão. Essa interatividade permitirá, por exemplo, a compra de produtos e a repetição de gols escolhidos pelo telespectador. Já o padrão americano não permite a mobilidade, por isso foi descartado pelos técnicos.

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No entanto, o governo decidiu manter os três sistemas no páreo até que seja tomada a decisão política. "Até porque estamos em um processo de negociação direta com os japoneses, europeus e americanos para saber quais são as contrapartidas", disse o ministro, referindo-se a benefícios comerciais que o Brasil pode vir a ter com a escolha de determinado padrão. Segundo ele, uma das principais negociações em torno da escolha do padrão de TV digital é sobre o aparelho conversor de sinais digitais em analógicos. "Essa caixinha será o principal investimento que será feito pelo cidadão comum para receber os sinais", afirmou.