Brasília – O chefe-adjunto de pesquisas e desenvolvimento da Embrapa-Soja, João Flávio Veloso, afirmou no especial "Soja – um grande negócio", transmitido pela Rádio Nacional que o envolvimento da empresa com espécies transgênicas para uso na agricultura se deve a uma "questão estratégica". Para ele, é importante que a empresa pública tenha seus próprios genes a fim de dar "suporte a este tipo de crescimento, em biotecnologia, para que se possa acompanhar o crescimento agrícola brasileiro".

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O chefe da Embrapa lembrou também que o investimento do governo na pesquisa de espécie de soja transgênica representará a "possibilidade de uma independência biotecnológica, em matéria de genomas, no futuro, a fim de manter a atual competividade da soja brasileira no mercado internacional". Ele também citou entre outros motivos para a Embrapa trabalhar nessa linha o fato de haver produtores interessados em soja transgênica no Brasil.

Sobre a "novidade" da próxima colheita, com elevada quantidade de soja transgênica, Flávio Veloso acha que isto decorre de uma "questão de curiosidade". Nas próximas safras, segundo o técnico, a soja transgênica vai ter que "provar a que veio" e, principalmente, vai ter que mostrar realmente um ganho. Um risco que ele vê para o processo é a possibilidade de o pagamento dos direitos (royalties) ficar muito caro para o produtor, que fará então uma avaliação econômica.

Numa projeção a longo prazo, o chefe de pesquisas da Embrapa-Soja disse não acreditar que um dia o Brasil tenha 100% de soja transgênica. Por esse motivo, ele lembrou que a empresa nunca "direcionou o programa de pesquisas somente para a espécie transgênica", embora, no momento, tenha 14 espécies próprias de soja transgênica "já registradas e podendo atender pedidos dos produtores". São do tipo resistente ao herbicida glifosato.

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O "grande divisor" que, segundo João Flávio Veloso, marcou a entrada da Embrapa na pesquisa de sementes de soja transgênica foi em 1996 quando assinou um acordo com a multinacional Monsanto para o "desenvolvimento de cultivares transgênicos". Hoje, a Embrapa tem acordos com outras empresas estrangeiras, inclusive uma japonesa, e mais oito parcerias com produtores nacionais de sementes. Depois da descoberta, a empresa recebe cerca de três por cento sobre o valor da semente como "direito de uso da genética Embrapa".