Embrapa intensifica pesquisas sobre a cana

Na busca de soluções tecnológicas para a cultura canavieira, a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), começa as primeiras ações do projeto sobre produção sustentável da cana-de-açúcar para bioenergia em regiões tradicionais e de expansão no Nordeste e Norte do Brasil. Orçado em mais de R$ 4,8 milhões, o estudo tem assegurados para os próximos quatro anos R$ 2 milhões, sendo que para 2007 R$ 380 mil estão disponíveis para trabalhos que vão analisar, entre outros pontos, a criação de cultivares resistentes a pragas.

Do volume total previsto, os R$ 2 milhões são oriundos do Programa de Inovação Tecnológica e Novas Formas de Gestão da Pesquisa Agropecuária (Agrofuturo), que conta com investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do próprio governo federal, sob a administração da Embrapa. Para reforçar esta carteira, R$ 1,9 milhão será repassado por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). ?O restante ainda vamos buscar, mas o importante é que já contamos com o suficiente para dar a largada?, avalia o líder do trabalho, pesquisador Antônio Dias Santiago.

Seis linhas de trabalho ou projetos componentes como são denominados começam a ser avaliados este ano. A primeira busca melhorar geneticamente as variedades de cana-de-açúcar existentes (e desenvolvidas por parceiros como a Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro-Ridesa) para obter materiais resistentes à broca gigante, principal praga que ataca a cultura no Nordeste, e materiais tolerantes à seca – o que significará redução de custos em ambos os casos. Hoje, os produtores precisam irrigar até três vezes as lavouras para manter uma produtividade média de 70 toneladas/hectare nas tradicionais regiões do Nordeste brasileiro, enquanto em municípios paulistas há registro de 100 toneladas/hectare. ?São pesquisas fundamentais que estamos fazendo em parceria com os colegas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia ?, explica Santiago.

Outro item da pauta é a fixação biológica do nitrogênio (FBN). Os cientistas já identificaram bactérias que têm capacidade de fixar o nitrogênio do ar e, com isso, diminuir a necessidade do uso de adubo nitrogenado nas áreas de produção de cana. A intenção é diagnosticar a contribuição da FBN em 10 variedades de cana, identificar estirpes de bactérias dizotróficas, desenvolver um inoculante contendo mistura de bactérias. Os pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) conduzem esta parte do projeto.

O zoneamento e a previsão de safra da cana-de-açúcar também começam a ser estudados. ?A expectativa é de que dentro de três anos tenhamos resultados?, avalia Antônio Santiago. No momento é possível adiantar que pelo menos três estados podem ser considerados áreas promissoras ao plantio da cana: Tocantins, Piauí e Maranhão.

Os pesquisadores da Embrapa também começam a estudar o que chamam de cenários futuros, no qual serão avaliados os impactos econômico, social e ambiental que as lavouras de cana-de-açúcar provocam ou poderão acarretar, em especial nas áreas de expansão. ?A idéia é evitar a introdução da cultura em regiões nas quais há risco de prejuízos, seja econômico, para o ambiente ou à sociedade ?, comenta Santiago, ao observar que o estudo é feito pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP). Na Unidade de Execução de Pesquisa (UEP) de Rio Largo, a 35 quilômetros de Maceió, a Embrapa Tabuleiros Costeiros conduzirá também o projeto desenvolvimento de tecnologias para aprimoramento dos sistemas de produção da cana. O trabalho vai estabelecer sistemas para cana colhida sem despalha a fogo, definir demandas hídricas e lâminas de água, desenvolver técnicas de controle voltadas para o manejo integrado para broca gigante e otimizar o uso de nitrogênio e dos resíduos da agroindústria canavieira.

Embora seja conduzido pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, todos os estudos têm forte interação com a recém-criada Embrapa Agroenergia (Brasília-DF) e integram profissionais de outros centros de pesquisa da empresa, bem como parceiros de universidades federais e da iniciativa pública e privada. 

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