Embrapa conclui primeira etapa do genoma da banana

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvio Crestana, anunciaram hoje (20) a conclusão da primeira parte do genoma da banana do Brasil. O banco de dados contém 40 mil sequências de DNA que permitiram a identificação de mais de 5 mil genes, inclusive daqueles com características de interesse para o melhoramento genético dessa fruta.

O banco de dados é o segundo maior do mundo em genômica da banana. O primeiro é da multinacional Syngenta, que tem cerca de 80 mil sequências, calculam os pesquisadores. A pesquisa iniciada em 2002 é resultado de pareceria da Embrapa, da Universidade Católica de Brasília (UCB) e do Instituto Francês de Pesquisa Agronômica (Cirad). "O DataMusa representa um passo determinante para impulsionar as pesquisas com banana no Brasil" explicou Crestana. DataMusa é o nome do banco de dados que reunirá as informações da pesquisa, que demandou R$ 550 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na primeira etapa.

Concluída a primeira parte do sequenciamento, os pesquisadores vão partir para uma segunda fase do trabalho, que é a validação dos genes identificados, ou seja, o estudo de possíveis funções. Para essa segunda fase, o CNPq disponibilizou mais R$ 250 mil à Embrapa, que centraliza o grupo. "Esses estudos poderão levar à descoberta de genes com potencial para aplicação em programas de biofortificação, a partir da geração de variedades mais nutritivas", ressaltou o pesquisador Manuel Teixeira Souza Júnior, coordenador do projeto.

Para o ministro, o seqüenciamento genético elaborado pela Embrapa será importante em três aspectos. O primeiro é a definição, por meio da biotecnologia ou melhoramento e genético, da qualidade da banana no que diz respeito ao aspecto e a cor. O segundo ponto é o controle de doenças, criando variedades resistentes, como por exemplo a Sigatoka Negra, doença que chegou ao País em 1998 e no ano passado se alastrou por diversas regiões produtoras.

"Essa será uma das mais importantes funções do banco de dados. As doenças que atacam a banana provocam, em média, perdas de 30% a 40% na produção no Brasil, na fases de pré e pós-colheita, o que representa perda de cerca de R$ 700 milhões" calculou o ministro. A estimativa de perda financeira foi feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O terceiro é ter variedades resistentes à seca.

Rodrigues contou durante o anúncio que a cultura da banana é a quarta mais importante do mundo e perde somente para o arroz, trigo e milho. O Brasil é o segundo maior produtor de banana do mundo e 99% do que produz é consumido internamente. A produção nacional é estimada em 6,691 milhões de toneladas. Além da banana, a Embrapa anunciou no ano passado a primeira fase do Genoma Café. Crestana contou que há projetos para seqüenciar o DNA de bovinos, eucalipto e do trigo milho, sorgo e arroz. Também está sendo avaliada a possibilidade de um projeto conjunto com a China para decifrar o genoma da soja.

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