Os mais importantes aeroportos do País viveram hoje o quinto dia consecutivo de esperas insuportáveis e longas filas, embora um pouco menores do que nos dias anteriores. Congonhas e Guarulhos em São Paulo, Galeão, no Rio de Janeiro e Juscelino Kubitschek, em Brasília eram os mais tumultuados. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no primeiro boletim do dia, distribuído no início da tarde, responsabiliza a TAM por "todos" os atrasos e cancelamentos de vôos nestes aeroportos. De acordo com fontes do governo, a empresa não tinha avião para transportar o número de passageiros que compraram passagens da companhia e o principal motivo desta falta de aeronaves foi a quantidade de vôos charters programados pela TAM, principalmente para Nordeste, vendidos por agências de turismo, em forma de pacote. Por isso, faltou avião para transportar os passageiros de vôos comerciais. Pelo menos 23 charters foram atendidos no sábado.
Nem mesmo usando 15 aeronaves extras (sete da Força Aérea e oito das empresas concorrentes) a TAM não conseguiu acabar com as filas e o volume de passageiros nos aeroportos. Estas mesmas fontes do governo admitem que faltou fiscalização à companhia, que "perdeu o controle" sobre a gestão de seus negócios, levando o caos completo aos aeroportos. A informação preliminar e que será alvo de investigação é que somente no sábado 23 vôos charters estavam programados para os mais diversos pontos do País, deixando os demais vôos comerciais sem aeronaves para o transporte de seus passageiros.
A confusão nos aeroportos foi tanta e o descontrole da TAM total conforme informaram estas fontes, que, durante ontem, muitas decisões de deslocamento de aeronaves estavam sendo tomadas em função do grau de tensão na sala de embarque. O avião ao chegar ao aeroporto era deslocado para o finger onde o tumulto fosse maior para atender aos passageiros que mais estivessem gritando. "Foi assim com um vôo para Fortaleza saindo de São Paulo", comentou uma fonte, classificando como "inacreditável e inadmissível" o que estava ocorrendo.
A TAM insistia que os problemas foram conseqüência da quarta-feira da semana passada, quando seis aeronaves apresentaram problemas mecânicos. O diretor de Relações Institucionais da empresa, Paulo Castello Branco, negou que o número de vôos charters tenha prejudicado os vôos comerciais. "É impossível", disse ele, explicando que tudo foi programado pela companhia.
O fato é que, mesmo com a volta dos seis aviões, que apresentaram problema e já estariam operando, o que se viu foi uma completa desorganização. Nem mesmo a chegada de 15 aviões extras resolveram o problema, que se estendia pela véspera do Natal. A tendência, no entanto, era de que os tumultos diminuíssem porque para este domingo o volume de vôos charters era pequeno e para o dia de natal, 25, quase nenhum. Mas, a expectativa é de que os problemas voltem a ocorrer no fim de semana que vem, véspera do ano novo. Não se tem idéia, ainda de como a ANAC vai impedir que os problemas se repitam, já que as passagens já foram vendidas. Certamente, terá de ser feita uma nova programação de arrendamento de vôos para atender a demanda de passageiros.
O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, chegou a declarar que houve erro de administração da malha aérea, que levou a um completo desajuste. "Não há dúvida de que, em um determinado momento, teve, do ponto de vista da gestão da malha, uma perda deste controle. Não é controle do ponto de vista técnico, mas de gestão. Você não consegue mais ajustar a necessidade com a capacidade. Este desajuste entre a necessidade e a capacidade ele houve e é claro. Agora, é resolver o problema", disse Zuanazzi, que prometeu, a partir desta terça-feira, se debruçar sobre a central de reservas de cada empresa, para ver se há mais passagens vendidas para o réveillon do que assentos e aviões disponíveis.
De acordo com boletim da ANAC, "a maioria dos aeroportos registra uma redução no movimento de passageiros, com o aumento do fluxo aéreo", embora fosse possível "encontrar filas nos guichês da TAM Linhas Aéreas nos principais aeroportos". O boletim informava ainda que "nas regiões Sul, Nordeste e Norte a situação está normalizada" e que "os principais atrasos e cancelamentos foram registrados em Congonhas e Guarulhos (SP), Brasília e Galeão (RJ), todos da empresa TAM".
Ainda segundo o boletim da Anac, dos 539 vôos registrados até às 10h30min em todos os aeroportos do Brasil hoje, Congonhas registrou, até às 10h da manhã, sete vôos atrasados e um cancelado. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, 11 atrasos e nenhum cancelado. Em Brasília, às 10h quatro vôos encontravam-se atrasados e nenhum cancelado. No Rio de Janeiro, o aeroporto Galeão registrou quatro atrasos e nenhum cancelamento. A nota conclui dizendo que "todos os vôos atrasados têm previsão de embarque nas próximas horas", o que significava que não havia mais falta de aeronaves para levar passageiros. Os aviões da FAB continuam à disposição da TAM.
