Mostrando que continua agressivo na tentativa de conter a valorização do real em relação ao dólar, o Banco Central comprou em março US$ 8,3 bilhões no mercado de câmbio e nos três primeiros meses do ano já adquiriu o valor recorde de US$ 21,9 bilhões. O volume comprado no primeiro trimestre é maior do que os US$ 20,5 bilhões que o Brasil tinha em suas reservas internacionais – excluindo os recursos devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) – no fim de 2003, primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O volume de compras do mês passado foi mais de duas vezes superior aos US$ 3,1 bilhões adquiridos pelo BC em março de 2006 mas inferior aos US$ 8,8 bilhões comprados em fevereiro deste ano. No acumulado do ano, as compras do BC são quase três vezes superiores aos US$ 7,9 bilhões adquiridos no primeiro trimestre do ano passado. E o ritmo continua intenso. Segundo fontes do mercado financeiro, até o último dia 20 o Banco Central já havia adquirido US$ 7,1 bilhões no mercado de câmbio. O valor foi calculado com base na variação das chamadas posições vendidas dos bancos em câmbio. O BC não informa o valor mais recente de suas operações.

De acordo com a economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, diante da perspectiva de continuidade de valorização do real ante o dólar, os exportadores estão antecipando o ingresso de recursos pelo mercado para garantir uma cotação mais vantajosa. "A defasagem entre os embarques efetivos e o câmbio contratado no mercado, no acumulado dos últimos 12 meses, ficou em US$ 14 bilhões", afirmou, explicando que, na prática, o movimento acaba antecipando a valorização que os exportadores tentam evitar. "Esse fluxo maior de moeda está levando a uma postura mais agressiva do BC no mercado.

Também pressionam a moeda americana os juros altos, os investimentos diretos e as compras de ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Ontem, o dólar comercial fechou cotado a R$ 2,035. No último dia útil de 2006, o dólar foi negociado a R$ 2,136, ou seja, a baixa acumula no período é de 4,73%.

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