Apesar de ter se comprometido, na sexta-feira à noite, a atender as reivindicações dos controladores de vôo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, durante a reunião ministerial no Planalto, que vai fazer um pronunciamento à Nação sobre a crise aérea e dizer que foi traído. Na reunião, Lula disse aos ministros que os controladores de vôo traíram o governo porque não entenderam que havia disposição para resolver os problemas do setor aéreo e, ainda por cima, esperaram ele viajar para os Estados Unidos, em missão oficial, para deflagrar o movimento.
Segundo relato de um ministro, Lula afirmou ainda que diante da forma "traiçoeira" como foi deflagrado o movimento dos controladores de vôo, ele não teve outra saída a não ser negociar com as lideranças dos sargentos para evitar o caos completo nos aeroportos.
Durante a reunião ministerial desta manhã, Lula informou que vai pedir ajuda internacional, de forma emergencial, no controle dos vôos comerciais. Ele dirá, no pronunciamento à Nação, que os problemas não são fáceis de resolver a curto prazo. O governo já sabe que a transferência dos controladores militares para um órgão civil de controle da aviação civil exige estudos jurídicos. "Não é simples, não é só entregar a farda e encerrar a carreira militar", disse um ministro. Até mesmo a questão salarial vai ser renegociada porque os controladores civis ganham mais que os militares.
A ordem no Planalto também é de não atrapalhar os planos do Ministério Público Militar, que deve entrar com processo para investigar e processar os controladores de vôo que, em princípio atentaram contra os códigos militares de disciplina.