Em plena campanha

A grita generalizada da oposição contra as viagens, discursos em lançamento de pedras fundamentais, anúncios de projetos e algumas medidas que se julga poderiam ter sido feitas pelo governo antes e não merecem tanto alarde é a maior prova de que a reelegibilidade do presidente não agrada. Aliás, não agrada nem mesmo a Lula, que se declara contra a repetição do mandato, embora tudo indique que almeja a sua própria reeleição. A oposição entende que, mesmo contra as determinações legais e da Justiça Eleitoral, o presidente está em campanha, privilegiado pelo fato de ser o chefe da nação, dispor de auditório e pretextos para fazer discursos. A campanha começa, oficial e legalmente, só em junho.

Lula rebate, dizendo que a propaganda que faz é de presidente e não de candidato e que a oposição parece querer proibi-lo de governar. Esta foi sua queixa feita em repetidas oportunidades. A oposição pretende munir-se de dados técnicos para aumentar as críticas à operação tapa-buracos do governo federal. Essa operação, só iniciada quando as estradas já estavam intransitáveis e no ano das eleições, vai consumir R$ 440 milhões do orçamento do governo federal para obras. Deverá atingir 26,4 mil quilômetros de rodovias.

A grande dúvida é se essa operação de derradeira hora será duradoura. A oposição quer ainda saber quais os critérios usados nas contratações das empresas empreiteiras, já que obras emergenciais dispensam licitações.

?Queremos saber se esse tipo de operação leva a algum resultado ou se as obras durarão apenas seis meses?, disse o senador José Jorge, do PFL de Pernambuco, que foi um dos autores de requerimento para que o ministro dos Transportes, Alfredo do Nascimento, e o diretor-geral do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), Mauro Barbosa, prestassem contas ao Congresso Nacional.

Entre as cinco empresas que ganharam os contratos, a Delta seria a única a aparecer nos registros da Justiça Eleitoral como doadora de recursos para campanhas eleitorais estaduais em 2004. E beneficiou a quase todo mundo. Em sua lista de auxílios estão PMDB, PL, PT, PSDB e PSC. Outras três empreiteiras, que receberam menos contratos, aparecem como doadoras para campanhas políticas. De seu dinheiro se beneficiaram PT, PMDB, PTB, PL e o PFL baiano.

A opinião do senador José Jorge, que parece ser partilhada pelos demais oposicionistas, é que ?a obra é eleitoreira quando faz uma coisa inútil, que só dura até as eleições e a depender da escolha das empresas beneficiadas pode também ter interesse eleitoral?.

Há questões indiscutíveis. Uma delas é que a operação tapa-buracos já veio tarde. Bem que alguma coisa deveria ter sido feita nos anos anteriores, antes que o problema das estradas se agravasse a ponto de algumas ficarem intransitáveis. Outra é se vale ou não a pena gastar dinheiro do povo em remendos e não no recapeamento duradouro das rodovias. Alguns órgãos de divulgação já estão mostrando na televisão buracos que apareceram depois da operação tapa-buracos e em lugares onde o DNIT já andou fazendo remendos.

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